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Por que premiê britânico decidiu convocar eleições e o que esperar agora?
Sunak também dissolveu o Parlamento. Ele disse que na manhã desta quarta pediu ao rei Charles 3º que dissolvesse o Parlamento em 30 de maio, o que foi concedido para permitir as eleições gerais
O primeiro-ministro do Reino Unido, Rishi Sunak, convocou eleições gerais antecipadas nesta quarta-feira (22/5) para 4 de julho.
Sunak também dissolveu o Parlamento. Ele disse que na manhã desta quarta pediu ao rei Charles 3º que dissolvesse o Parlamento em 30 de maio, o que foi concedido para permitir as eleições gerais.
Anteriormente, havia a expectativa de que Sunak, escolhido como primeiro-ministro em outubro de 2022, permanecesse ao menos dois anos no cargo antes das novas eleições.
Uma das possibilidades era de que o pleito ocorresse por volta do fim deste ano ou em janeiro de 2025. No atual cenário, após sucessivas trocas, há a possibilidade de o Reino Unido ter o quarto primeiro-ministro em dois anos, se Sunak não for reeleito.
Um tempo maior para as novas eleições, avaliam especialistas, daria mais oportunidades para melhorias na economia do Reino Unido.
Em Londres, Sunak disse que está orgulhoso do que seu governo fez, lutando para honrar "cada voto" que recebeu.
O editor de política da BBC News, Chris Mason, aponta que havia uma pressão para que Sunak antecipasse as eleições.
Entre os responsáveis por essa cobrança por antecipação do pleito estariam membros do Partido Conservador, entre eles o vice-primeiro-ministro, Oliver Dowden.
Um dos principais motivos para essa decisão, segundo especialistas, foram os recentes dados positivos da economia.
Aliados de Sunak entenderam que existe a possibilidade de que a situação não melhore muito nos próximos meses, o que pode acarretar em uma iminente derrota conservadora entre os eleitores.
Em outras palavras, os aliados entenderam que Sunak precisava correr contra o tempo para não haver chance para os resultados piorarem.
No atual cenário, o índice de inflação desacelerou, o que é considerado um sucesso, e Sunak pode dizer que um de seus objetivos ao assumir o cargo foi cumprido, ou ao menos está no caminho certo.
"É claro que [os resultados econômicos] não se tratam apenas de ações do governo. Mas os governos ão responsabilizados quando a inflação está nas alturas, por isso é razoável esperar que tentem receber algum mérito quando esta cai — e tem acontecido", disse Mason.
A decisão de convocar as eleições para julho ocorre em um período em que o cenário não tem sido dos melhores para os conservadores.
Pesquisas de intenção de voto no Reino Unido apontam Keir Starmer, líder do Partido Trabalhista e principal adversário dos conservadores, como o favorito para o pleito.
Durante o seu discurso nesta quarta, Sunak criticou Starmer e o classificou como alguém que não tem nenhum plano de governo.
"Não sei o que eles oferecem — e na verdade, acho que você [eleitor] também não sabe", afirmou.
'É hora de mudar'
Logo após o anúncio de Sunak, Starmer convocou a imprensa para falar sobre a data das eleições. Ele disse que esse era um momento que o país precisa e estava esperando para mudar os representantes.
Tendo como pano de fundo duas bandeiras do Reino Unido, ele afirmou que o Partido Trabalhista mudou nos últimos anos, pediu uma oportunidade e afirmou que essas eleições representam a garantia de um futuro melhor.
Ele disse que “devolverá a Grã-Bretanha ao serviço dos trabalhadores” e transformará o país.
Starmer afirmou que melhorarão situações que são alvos de reclamações entre os britânicos, como saneamento, saúide pública e reverter o aumento das hipotecas e dos preços dos alimentos que ocorreram nos últimos anos.
Se os conservadores conseguirem mais cinco anos, continua Starmer, “eles terão o direito de continuar exatamente como estão”.
“Nada vai mudar”, acrescemtou ele.
Um voto a favor do Partido Trabalhista é um voto a favor da estabilidade, diz Starmer, e um voto a favor de "uma política que aja com mais leveza... e que acabe com o caos".
“É hora de mudar”, acrescentou.
Diferente das afirmações de Sunak sobre a falta de planos dos adversários, Starmer afirmou que o Partido Trabalhista tem um planejamento a longo prazo para reconstruir o país.
Ele delineou três temas durante sua declaração que foram "parar o caos", "é hora de mudar" e "reiniciar a economia e nossa política"
“O futuro do país está em suas mãos”, disse Starmer. “Juntos podemos parar o caos, virar a página e começar a reconstruir a Grã-Bretanha e mudar o nosso país”
Os bastidores do anúncio das eleições
Para especialistas, o principal argumento do Partido Trabalhista durante as eleições será simples e poderá ser resumido em uma palavra: mudança.
O partido argumentará que o plano do governo atual não está funcionando e que é hora de alguém novo.
Haverá muitas outras batalhas, em questões como o serviço nacional de saúde, o NHS, imigração e segurança nacional, entre outros.
O cientista político britânico John Curtice disse em entrevista à BBC Radio sobre o anúncio de Sunak.
“Ele decidiu convocar a eleição mais cedo. Se ele está fazendo isso na esperança da vitória ou se está jogando a toalha, será objeto de comentários e especulações nas próximas 24 horas”, afirmou Curtice.
“Rishi Sunak está apelando às suas ações na pandemia – ele quer que os eleitores aceitem essa estabilidade."
"Por outro lado, Keir Starmer está dizendo: 'Você quer estabilidade, do tipo que os conservadores não foram capazes de lhe oferecer - para obter essa estabilidade é necessário mudar o governo'".
Curtice avalia que Sunak está dando "oportunidade ao Partido Trabalhista.”
O correspondente de política da BBC, Henry Zeffman, avalia que as próximas horas serão de reflexão para os conservadores.
Ele aponta que há conflito em algumas alas do partido sobre a antecipação das eleições.
“Eu simplesmente não entendo isso”, disse um parlamentar conservador a Zeffman. “A economia está melhorando. Por que não dar mais tempo (para novas eleições)?"
Segundo fontes do Palácio, o primeiro-ministro se encontrou com o rei nesta quarta.
A reunião durou aproximadamente 15 minutos. Decorreu no mesmo dia da habitual audiência de quarta-feira do primeiro-ministro, na habitual sala de audiências do Palácio de Buckingham.
Um porta-voz do Palácio disse: “Após a declaração do primeiro-ministro esta tarde convocando eleições gerais, a Família Real irá – de acordo com o procedimento normal – adiar compromissos que possam parecer desviar a atenção da campanha eleitoral."
“Suas majestades enviam suas sinceras desculpas a qualquer um daqueles que possam ser afetados como resultado”.