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Exército de Israel diz ter lançado operação militar na Cisjordânia; Fatah anuncia resposta
Segundo a imprensa local, ação de Israel tem como objetivo prender criminosos e destruir estruturas terroristas. Troca de tiros foram reportadas em campos de refugiados
O Exército israelense lançou uma operação militar no norte da Cisjordânia ocupada, informou um porta-voz militar. A ação foi iniciada durante a madrugada de quarta-feira (28), pelo horário local — noite de terça-feira (27), no Brasil.
"Forças de segurança lançaram agora uma operação para esmagar o terrorismo em Jenin e Tulkarm", afirmou Avichay Adraee, porta-voz militar de Israel, em um comunicado.
Segundo a imprensa israelense, o objetivo da operação é prender criminosos e destruir estruturas usadas por terroristas. Já a rede de TV Al-Jazeera afirmou que três campos de refugiados foram invadidos por soldados de Israel, onde há troca de tiros.
O grupo Fatah, que controla a Cisjordânia, iniciou uma operação "em resposta" à de Israel. O anúncio foi feito pelas Brigadas Al-Aqsa, braço armado do grupo palestino que atua na Cisjordânia. Leia mais sobre a Cisjordânia abaixo.
Veículos militares israelenses cercaram o Hospital Especializado Al-Israa e o Hospital Thabet em Tulkarem, na Cisjordânia ocupada, e estão bloqueando ambulâncias como parte de uma grande operação militar na área, segundo a agência de notícias Wafa, ligada à Autoridade Nacional Palestina (ANP).
A operação acontece dois dias após Israel ter realizado um ataque aéreo na Cisjordânia que resultou na morte de cinco pessoas, segundo a Autoridade Palestina. O Ministério da Saúde palestino informou que dois homens, de 25 e 39 anos, foram mortos por forças israelenses em Jenin.
A violência na Cisjordânia aumentou após o início da guerra na Faixa de Gaza. Desde 7 de outubro de 2023, 640 palestinos foram mortos na área por tropas e colonos israelenses. Os dados são da agência AFP, com base em relatórios das autoridades locais.
Pelo menos 19 israelenses foram mortos em ataques palestinos durante o mesmo período, de acordo com autoridades israelenses.
Fatah
Homem segura bandeira da Palestina durante confronto com forças de Israel, em 27 de janeiro de 2023 — Foto: Mohammed Salem/Reuters
O Fatah é chamado de o "Movimento de Libertação Nacional da Palestina". Foi fundado no Kuwait em 1959 por integrantes da diáspora palestina, e é considerado o maior partido político palestino, apesar de ter um braço militar.
O Fatah é nacionalista, laico e atua na Cisjordânia. É o maior grupo da Organização para a Libertação Palestina (OLP), entre os principais nomes que passaram pelo grupo estão Yasser Arafat e Mahmoud Abbas.
Hamas e Fatah são os dois principais grupos palestinos e possuem um histórico de desavenças. Diferentemente do Hamas, o Fatah reconhece a existência de Israel e acredita numa solução de dois Estados para convivência pacífica.
Após anos de divergências, Fatah, Hamas e outras facções palestinas assinaram em julho deste ano um acordo para encerrar divisões e estreitar laços. A aproximação entre os grupos aconteceu no contexto da guerra na Faixa de Gaza. O objetivo é criar novamente um governo único para todos os territórios palestinos.
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A Cisjordânia é um dos dois territórios palestinos e fica entre Israel e a Jordânia. Junto com a Faixa de Gaza, é reivindicada por palestinos para a criação de um Estado independente.
Com quase o tamanho do Distrito Federal, a Cisjordânia é o maior desses dois territórios e, apesar de militarmente controlada por Israel, cerca de 86% da população local, ou 3 milhões de pessoas, são palestinos, segundo dados de 2021 da Organização das Nações Unidas (ONU).
No plano inicial da ONU de partilha da região entre judeus e palestinos, a Cisjordânia faria parte do Estado Árabe. Mas Israel tomou militarmente a Cisjordânia em 1967, durante a Guerra dos Seis Dias, e construiu na região residências para judeus, concentradas em assentamentos que a ONU e a maioria dos países do mundo consideram ilegais.