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Tiros de Israel matam mais de 70 que buscavam ajuda em Gaza, diz autoridade
Forças de Defesa de Israel (FDI) disseram que as tropas “dispararam tiros de advertência para remover uma ameaça imediata que lhes era imposta”

Pelo menos 73 pessoas foram mortas e cerca de 150 ficaram feridas por tiros israelenses em Gaza enquanto buscavam ajuda neste domingo (20), de acordo com o Ministério da Saúde palestino.
Cerca de 67 pessoas foram mortas no norte de Gaza, informou o ministério, enquanto outras seis foram mortas em Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza.
Não está claro se as 67 pessoas relatadas como mortas no norte de Gaza foram todas mortas no mesmo local ou em múltiplos incidentes.
As Forças de Defesa de Israel (FDI) disseram que as tropas “dispararam tiros de advertência para remover uma ameaça imediata que lhes era imposta” depois que “uma reunião de milhares de moradores de Gaza foi identificada no norte da Faixa de Gaza”.
“As FDI estão cientes das alegações sobre baixas na área, e os detalhes do incidente ainda estão sendo examinados”, disseram os militares israelenses, sem divulgar nenhum número de baixas.
O Exército israelense também emitiu um alerta aos moradores de diversas áreas no norte de Gaza, incluindo as cidades de Beit Lahia, Jabalya e Beit Hanoun.
“Essas áreas são zonas de combate ativas e extremamente perigosas”, disse o porta-voz em árabe das Forças de Defesa de Israel (FDI), Avichay Adraee, neste domingo.
“As Forças de Defesa de Israel estão operando nessas áreas com força muito intensa. Para sua segurança, a movimentação nessas áreas é estritamente proibida. Aqueles que souberam foram avisados”, completou.
De acordo com o doutor Mohammed Abu Salmiya, diretor do Hospital Al-Shifa em Gaza, pessoas foram alvejadas pelo Exército israelense na manhã de domingo enquanto tentavam obter ajuda a noroeste da Cidade de Gaza, que fica ao norte do território.
“O Complexo Médico Al-Shifa está em estado catastrófico devido ao grande número de mártires, feridos e civis famintos”, disse Abu Salmiya à CNN em um comunicado.
“Houve um grande número de mortes e feridos entre aqueles que buscavam ajuda, e ambulâncias e veículos civis não pararam de chegar, transportando feridos e mortos das áreas noroeste de Gaza”, continuou ele.
“Um número significativo de civis, e até mesmo pessoal médico, estão chegando em estado de desmaio ou colapso devido à desnutrição severa ”, disse ele.
O Crescente Vermelho Palestino informou que seu hospital de campanha Al-Saraya, na Cidade de Gaza, recebeu 120 feridos, alguns em estado crítico, neste domingo. A organização também informou ter recebido dois cadáveres.
“As forças israelenses atacaram civis que aguardavam ajuda da região de Zikim, ao norte de Beit Lahia, no norte da Faixa de Gaza. Devido ao grande número de feridos recebidos no hospital, novos leitos foram abertos com urgência para garantir tratamento adequado aos feridos, já que a capacidade do hospital é estimada em apenas 68 leitos”, informou o Crescente Vermelho Palestino.
No sábado, pelo menos 32 pessoas foram mortas enquanto buscavam ajuda perto de um ponto de distribuição administrado pela Fundação Humanitária de Gaza, de acordo com o Ministério da Saúde palestino e testemunhas.
O Exército israelense disse que as tropas "identificaram suspeitos que os abordaram durante atividades operacionais na área de Rafah", a cerca de um quilômetro do local de ajuda, "à noite, quando não está ativo".
As Forças de Defesa de Israel (FDI) disseram que as tropas pediram aos suspeitos "que se distanciassem e, após eles não obedecerem, dispararam tiros de advertência".
A organização afirmou estar ciente dos relatos de vítimas e que o incidente estava sob análise.
De acordo com o Escritório de Mídia do Governo de Gaza, administrado pelo Hamas, cerca de 995 pessoas foram mortas enquanto tentavam obter alimentos perto de locais de distribuição de ajuda entre 27 de maio e domingo.
O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos disse no início deste mês que quase 800 moradores de Gaza foram mortos tentando obter ajuda entre o final de maio e 7 de julho.