Polícia
Preso, irmão de juiz de Cuiabá diz que recebia ordens do grande ‘chefe’, chamado de “El Patrón”, para desviar dinheiro público
A conversa divulgada pela Polícia foi feita pelo aplicativo WhatsApp entre o médico e empresário Luiz Vagner Silveira Golembiouski, e o advogado Hugo Florêncio de Castilho, irmão caçula do juiz de Cuiabá Jurandir Florêncio de Castilho

“Salve, salve meu amigo, bom dia. Lembra o que a gente falou para você? Esses casos aí são prioridade máxima né cara. Ontem “a pessoa”, me pediu para fazer uma situação, eu fiz porque tinha uma reserva. Se não, não conseguiria fazer. Vamos agilizar isso aí Hoje”.
A conversa divulgada pelos Policiais da Delegacia de Combate a Corrupção(Deccor) foi feita pelo aplicativo WhatsApp entre o médico e empresário Luiz Vagner Silveira Golembiouski, e o advogado Hugo Florêncio de Castilho, irmão caçula do juiz de Cuiabá Jurandir Florêncio de Castilho.
Golembiouski é proprietário da Mediclin, empresa que já prestou serviços médicos para a IGPP, a instituição que detém o contrato na saúde.
Ele foi o delator do ‘esquema’ articulado por uma organização criminosa, cujo objetivo era ‘surrupiar’ dinheiro público da saúde do munícipio de Sinop(500 KM de Cuiabá) e casou um prejuízo aos cofres públicos de R$ 87.419.285,018(Oitenta e Sete Milhões, Quatrocentos e Dezenove Mil, Duzentos e Oitenta e Cinco Reais e Dezoito Centavos) divulgada pelos Policiais da Delegacia de Combate a Corrupção(Deccor).
Segundo a Deccor, Hugo Florêncio de Castilho e Jefferson Geraldo Teixeira seriam um dos ‘líderes’ e articuladores da corrupção.
Mas, acima deles estaria o chamado “El Patron”, uma pessoa ‘poderosa’ que daria apoio moral e institucional para a o grupo criminoso na efetivação dos contratos.
A polícia montou um verdadeiro ‘quebra-cabeça’, para tentar desvendar e descobrir quem é o ‘chefe’, o ‘El Patron’.
A Operação Cartão Postal, foi determinada pelo juiz de Cuiabá, João Bosco Soares da Silva, e realizado pela Polícia Civil na quinta feira, 19, nas cidades nas cidades de Sinop, Cuiabá, Várzea Grande, São Paulo e nos municípios paulistas de Praia Grande e São Vicente.
O objetivo foi desmantelar a organização criminosa na Secretaria Municipal de Saúde de Sinop.
Em um dos trechos das conversas feitas entre o advogado Hugo e Luiz Golembiouski ele cobra o pagamento de R$ 87 mil reais que deveriam ser pagos na conta de Adriana Teixeira Martins, em dois depósitos.
Hugo, irmão do magistrado de Cuiabá, diz que o dinheiro era pra “El Patrón”, o cabeça de todo esquema.
Em áudios recuperados pela Polícia, Hugo cobra Luiz sobre os repasses em atrasos e ainda não realizados. Além de Hugo, a Polícia prendeu Célio Rodrigues(ex-secretário de saúde de Cuiabá), Jefferson Geraldo Texeira, Roberta Arend Rodrigues Lopes, Elizangela Bruna da Silva e João Bosco da Silva.
O procurador do município, o advogado Ivan Shneider e a secretária municipal de Saúde, Daniela Galhardo, ambos afastados do cargo.
Também foram alvos da Operação o médico cirurgião plástico, Euller Gustavo Pompeu de Barros Gonçalves Preza e a dentista Fabíula Martins Lourenço, que usará tornozeleira eletrônica. Além de Ângela Maria Pitondo de Oliveira, Deise Juliani, Helena Maria Santos Barbosa, Bruno Borges e Adriana Teixeira Martins.
A Polícia cumpriu 32 mandados de busca e apreensão nas cidades de Sinop, Cuiabá, Várzea Grande, São Paulo e nos municípios paulistas de Praia Grande e São Vicente.
Foram alvos, além de pessoas físicas, as seguintes empresas e escritórios: Instituto de Gestão de Políticas Públicas – IGPP,, Cuyabana Cervejaria Artesanal, Vida e Sorriso Clínica Médica e Odontológica (MedicPlus), HC Gestão em Informática, Mais Saúde Serviços Médicos e Hospitalares, Acácia Construtora e Incorporadora, Sappo Company Comercio Ltda, Pronto Mais Serviços Médicos e Hospitalares, DDigital Comércio e Serviços de Informática e S8 Service.
O escritório de advocacia Castilho e Caldas Advogados Associados do irmão do juiz Jurandir Florêncio, também foi alvo de buscas dos policiais.
No site do escritório de Hugo de Castilho ele – afirma – que é servidor concursado do Tribunal de Justiça de Mato Grosso e esteve à disposição na presidência da assembleia legislativa de Mato Grosso.
A justiça determinou ainda, a apreensão de imóveis, carros e lanchas de luxo, bloqueio de contas bancárias, no valor de R$ 87 milhões para os ressarcimentos dos danos por eventuais danos ao erário.
Veja Outras Operações Envolvendo a Organização Criminosa
1. Sangria I - 2018
(Polícia Judiciária Civil) Fraudes em licitação na saúde, tendo como alvos o então secretário da pasta Huark Douglas, o então adjunto Flávio Taques, além de médicos e empresários. Envolvidos foram alvos de busca e apreensão e depois denunciados.
2. Sangria II – 2018
(Polícia Judiciária Civil) Esquema para atrapalhar as investigações sobre as fraudes na saúde. Os alvos foram os ex-secretário Huark Douglas, o ex-adjunto Flávio Taques e os médicos Luciano Correia Ribeiro e Fábio Liberali Weissheimer. Parte dos envolvidos foram condenados pela justiça federal com 3 anos e 8 meses de prisão, em regime aberto.
3. Overlap I
(Polícia Judiciária Civil) Esquema de corrupção para supostamente desviar dinheiro da Secretaria Municipal de Educação. Foram apontados como envolvidos os ex-secretários Alex Passos e Rafael Cotrin.
4. Overlap II
(Polícia Judiciária Civil) Esquema de corrupção para supostamente desviar dinheiro da Secretaria Municipal de Educação. Nessa fase o alvo da operação foi o então procurador do município Marcos Brito. A investigação foi trancada.
5. Overpriced I
(Polícia Judiciária Civil) Investiga desvio de dinheiro na compara de remédios para a Covid-19 em Cuiabá. Um dos A investigação continua em andamento. Entre os alvos foi o então secretário de saúde de Cuiabá, Luiz Pôssas.
6. Sinal Vermelho
(Polícia Judiciária Civil) Investiga desvio de dinheiro em fraude na compra de Semáforos Inteligentes para Cuiabá, o alvo da operação foi o então secretário de Mobilidade, Antenor Figueiredo. O processo está em tramitação na justiça
7. Overpriced II
Investiga desvio de dinheiro na compara de remédios para a Covid-19 em Cuiabá. Nessa segunda fase foram alvos além do ex-secretário Antônio Pôssas, o ex-adjunto João Henrique Paiva (Gestão), Milton Correa da Costa Neto (planejamento e R$ 2,1 milhões Operações), Luiz Gustavo Raboni (assistência em saúde) - ex-servidora Helen Cristina da Silva (cotação de preços) - V.P. Medicamentos, Inovamed e mt Pharmacy Investigação continua em andamento.
8. Curare I
(Polícia Federal) Esquema de desvio de dinheiro na Saúde de Cuiabá no valor de R$ 100 milhões. Um dos alvos foi o então secretário Célio Rodrigues, além de outras 20 pessoas e empresas. Ação tramita em segredo de justiça.
9. Colusão
(Polícia Federal) Operação que também investigou esquema de desvio de dinheiro na Saúde de Cuiabá, no valor de R$ 1,9 milhão. Entre os alvos estavam ex-secretário de saúde, Luiz Antônio Pôssas de Carvalho - ex-secretário adjunto, João Henrique Paiva - ex-diretor do Centro de Distribuição de Medicamentos e Insumos (cdmic). Elisandro Nascimento Ação tramita em segredo de justiça. Entre os envolvidos está a ex-secretária de Planejamento e Finanças, Juliana Rocha - outros dois servidores e três empresas.
10. Cupincha
(Polícia Federal) Esquema de desvio na saúde via contratação de leitos para Covid-19. Nesse suposto esquema, o ex-secretário Célio Rodrigues foi preso e afastado do cargo. Processo tramita em sigilo.
11. Capistrum
(Polícia Judiciária Civil) Investigou o esquema de contratação irregulares na Saúde de Cuiabá, com suspeita de desvio de R$ 16 milhões. Nessa operação foram alvos o prefeito, a primeira-dama e servidores. Emanuel Pinheiro foi afastado do cargo. Processo tramita no Tribunal de Justiça.
12. Fake News
(Polícia Judiciária Civil) Organização criminosa montada para praticar crimes de calúnia e difamação contra adversários do prefeito Emanuel Pinheiro. Foram alvos o empresário e irmão do prefeito, Marco Polo (Popó), o jornalista Alexandre Aprá, os ex-servidores Willian Moraes e Luiz Augusto Vieira. Os envolvidos já foram indiciados.
13. Chacal
(Polícia Judiciária Civil) Esquema de contratação de médicos fantasmas na Secretaria de Saúde de Cuiabá. Foram cumpridos mandados contra servidores da pasta. Investigação em andamento.
14. Palcoscênico
(Polícia Judiciária Civil) Esquema de desvio de dinheiro nas Secretarias de Saúde e de Gestão. Entre os alvos a ex-secretária de Saúde Ozenira Félix, o ex-procurador Marcus Britto e a ex-secretária Adjunta de Atenção Básica, Miriam Pinheiro. Foram bloqueadas as contas dos suspeitos e a investigação está em andamento.
15. Curare III
Continuidade da operação em que se apurou um suposto desvio de R$ 7 milhões na Empresa Cuiabá de Saúde e na Secretaria Municipal de Saúde Processo tramita em sigilo.
16. Operação Hypnos
(Polícia Judiciária Civil) Esquema na compra de medicamentos que não deram entrada na Saúde de Cuiabá. Entre os envolvidos estava o ex-secretários Célio Rodrigues e a empresa Remocenter Serviços Médicos. Investigação está em andamento.
17. Operação Overpay
(Polícia Judiciária Civil) Investiga fraude no pagamento por atendimento de pacientes junto a empresa LG Med Serviços e Diagnósticos. A operação que foi desencadeada hoje prendeu o ex-secretário-adjunto de Saúde de Cuiabá, o médico Luiz Gustavo Raboni Palma, que seria dono da empresa investigada. Além disso outros quatro ex-servidores tiveram mandados de supressão da atividade pública cumpridos. Investigação está em andamento.
18. Operação Oterum
Polícia Federal. Policiais Federais e servidores da Controladoria Geral da União – CGU, realizaram a Operação Iterum, com o objetivo de desarticular uma quadrilha que desviou recursos públicos federais destinados à saúde do Município de Cuiabá, e que deu um prejuízo aos cofres públicos estimados em 13 milhões de reais.
19. Operação Cartão Postal
Mesmo Modo Operandi realizado na saúde de Cuiabá. Policiais civis da Delegacia Especializada de Combate a Corrupção(Deccor) realizaram uma Operação na quinta feira, 19/10, para desarticular uma organização criminosa que desviou R$ 87.419.285,0187 milhões da saúde da Prefeitura de Sinop(500 KM de Cuiabá). Entre os líderes está Hugo Florêncio de Castilho, irmão do juiz de Cuiabá Jurandir Florêncio de Castilho, e o ex-secretário de saúde de Cuiabá, Célio Rodrigues. Os policiais realizaram prisões e buscas e apreensões em residências dos envolvidos e em empresa nas cidades de Sinop, Cuiabá, Várzea Grande, São Paulo e nos municípios paulistas de Praia Grande e São Vicente. A operação foi determinada pelo juiz João Bosco Soares da Silva.