Durante muito tempo, ela foi considerada uma das maiores cirurgiãs dentistas no atendimento de harmonização Orofacial(HOF) para clientes considerados de alto poder aquisito em Cuiabá.

Seu consultório, a Natclin, localizado no bairro nobre Bosque da Saúde, é considerado um dos mais bem estruturados e bem arquitetados na capital mato-grossense.

Por lá já passaram grande parte da alta Society da cidade e dos novos ricos do agro do interior, além de empresários e esposas de políticos, sua maior clientela, conforme mostra sua rede social.

Mas, ninguém sabia de outra atividade tocada pela dentista, Mara Kênia Dier Lucas, de 49 anos: o tráfico de drogas e armas.

Ela foi presa pela Policia Federal na quarta-feira, 22, juntamente com seu esposo Flávio Henrique Lucas, de 43 anos, na Operação Escamotes e que teve o objetivo em desarticular uma associação para o tráfico de drogas e armas.

Mandados judiciais foram cumpridos em Cuiabá, Várzea Grande, Vitória da Conquista(Bahia) e Hidrolândia(Goiás).

Foram 13 mandados de busca e apreensão e 7 mandados de prisão preventiva, expedidos pela Justiça Federal de Mato Grosso, entre eles para o casal Mara e Flávio.

A dentista, que se formou na Universidade de Cuiabá(Unic) em 1992, terceira turma daquela instituição de ensino, nunca sequer tinha pisado em uma cadeia.

Ela tem duas filhas maiores e tinha nos últimos cinco anos, divorciado do primeiro marido.

Foi nesse período que conheceu seu novo amor, Flávio Lucas. E a partir daí sua vida foi do céu ao inferno em pouco tempo.

O casal – constantemente - postava na rede social fotos e vídeos de viagens nacionais e internacionais, em hotéis luxuosos, cruzeiros e praias paradisíacas, além de mostrar marcas de bons vinhos.

A publicidade feita por eles na internet causava inveja para quem os conheciam e começou a chamar a atenção da Polícia Federal.

O trabalho da PF apontou que um grupo criminoso situado em Cuiabá enviava drogas e armas escondidas em fundos falsos produzidos em veículos alugados, tendo como destino diversas regiões no Brasil.

As averiguações tiveram início em agosto de 2023, durante a prisão de uma pessoa que transportava cerca de 40 quilos de entorpecentes em um fundo falso de veículo.

As investigações foram aprofundadas, fazendo com que a polícia chegasse aos líderes do grupo criminoso.

O que foi um trabalho investigativo, bem articulado e preparado pela PF, pois muito pouco se sabia sobre a participação da dentista, acusada junto com seu marido de ser uma das ‘chefe’ de enviar toneladas de entorpecentes e diversas unidades de armas de fogo de uso permitido e restrito para outros estados da federação, em fundo falso de veículo e que rendeu milhões, segundo a Polícia Federal.

A história de Mara Kênia Dier Lucas, natural de Bonito, Mato Grosso do Sul, como a de muitas mulheres traficantes de drogas de alto escalão nos cartéis latino-americanos, passam muito mais despercebidas pelo mundo e, às vezes, até pelas próprias autoridades que as investigam.

O papel da mulher no crime organizado geralmente é apresentado à opinião pública como o de parceira ou parente do traficante que controla de fato o negócio.

Ou como uma pessoa que quase involuntária e compulsoriamente herda essa tarefa quando o homem é preso. Mas é sempre assim? Logicamente que não.

Neste caso, Mara Kênia, não foi presa sozinha, ela foi presa com seu novo amor, e que pode ter levado a vida dela revirar em 180 graus ao conhecê-lo. Certamente, os dias hollywoodiano do casal foi do céu ao inferno em pouco meses.