Polícia
A face oculta da segurança pública: o caso da escrivã investigada por tráfico de armas em MT
A operação, deflagrada no dia 22 de abril pela Corregedoria-Geral da Polícia Civil, com apoio da Delegacia de Sorriso, expôs uma rede que, até então, agia silenciosamente dentro dos limites da lei

O que parecia uma rotina comum em uma delegacia no interior de Mato Grosso revelou-se o ponto de partida de uma das investigações mais delicadas envolvendo servidores da própria segurança pública.
Em Guarantã do Norte, a 715 quilômetros de Cuiabá, uma escrivã da Polícia Civil foi presa temporariamente, acusada de participar de um esquema de desvio e venda ilegal de armas da própria unidade em que trabalhava.
A operação, deflagrada no dia 22 de abril pela Corregedoria-Geral da Polícia Civil, com apoio da Delegacia de Sorriso, expôs uma rede que, até então, agia silenciosamente dentro dos limites da lei.
Na casa da servidora, a Polícia cumpriu mandados de busca e apreensão, como parte das diligências autorizadas pela Justiça.
O caso ganhou contornos ainda mais graves com a prisão, em flagrante, de um homem em Sorriso, suspeito de receptar as armas desviadas. Em sua residência, duas armas foram apreendidas — indícios de que o armamento seria comercializado no mercado ilegal.
Não foi a primeira prisão relacionada ao caso. No início do mês, uma servidora que atuava como “Escrivã Ad Hoc” já havia sido detida preventivamente, também por envolvimento no desvio de armas. Até o momento, oito armamentos já foram recuperados, mas a investigação aponta para um número ainda maior de peças extraviadas.
Com o aprofundamento das apurações, a escrivã de carreira passou a ser considerada peça central no esquema, agora investigada pelos crimes de peculato, comércio ilegal de armas de fogo e associação criminosa armada. A prisão temporária foi decretada por 30 dias — prazo que poderá ser prorrogado conforme o avanço da investigação.
O episódio levanta um debate importante sobre os mecanismos de controle e fiscalização dentro das instituições encarregadas justamente de garantir a segurança da população. Como impedir que estruturas construídas para proteger a sociedade sejam utilizadas em benefício de esquemas criminosos? A resposta ainda está longe de ser simples.
Por ora, as investigações continuam em sigilo. A Corregedoria segue na busca por outras armas desviadas e possíveis novos envolvidos. Enquanto isso, o caso ecoa como um alerta: mesmo nos bastidores da lei, há zonas cinzentas que precisam ser iluminadas.