Polícia

Família protocola denúncia e Corregedoria da GM abre PAD contra ex-subcomandante que transformou velório em espetáculo armado

O ex-subcomandante da Guarda Municipal de Várzea Grande, Alexander Gouveia Ortiz enviou uma viatura com três agentes fortemente armados para o velório, em plena manhã de luto.

DA REPORTAGEM 02/06/2025
Família protocola denúncia e Corregedoria da GM abre PAD contra ex-subcomandante que transformou velório em espetáculo armado
A Corregedoria confirmou o recebimento da denúncia e anunciou a abertura de Processo Administrativo Disciplinar (PAD) contra Alexander Gouveia Ortiz | VG Noticias

A dor da perda deu lugar à revolta. A família da senhora L.A.R, de 85 anos, vítima de abandono e sepultada no último domingo (1º), teve que enterrar sua matriarca sob o peso de um espetáculo grotesco de intimidação institucional. O responsável? O ex-subcomandante da Guarda Municipal de Várzea Grande, Alexander Gouveia Ortiz, que enviou uma viatura com três agentes fortemente armados para o velório, em plena manhã de luto.

Sem qualquer justificativa legal ou administrativa, os guardas permaneceram no Cemitério Recanto da Paz sob a alegação absurda de que estavam ali apenas “para cumprimentar” o ex-comandante. A explicação — dada pelo próprio Alexander — não convenceu e apenas agravou a indignação dos filhos da idosa e dos demais presentes, que viram no ato uma clara tentativa de exibição de poder e abuso da máquina pública para fins pessoais.

Indignada, a família protocolou Representação Disciplinar nº 0176/2025 junto à Corregedoria da Guarda Municipal, apontando tráfico de influência, abuso de autoridade, uso indevido de bens públicos e profundo desrespeito à dignidade humana e à memória da falecida. A denúncia é assinada pelos filhos da idosa, que pedem a responsabilização total do ex-subcomandante.

A Corregedoria confirmou o recebimento da denúncia e anunciou a abertura de Processo Administrativo Disciplinar (PAD) contra Alexander Gouveia Ortiz. O atual comandante da GM, Juliano Lemos, reconheceu a gravidade do episódio e prometeu apuração rigorosa:

“É inadmissível usar a estrutura da Guarda para fins pessoais. A ação será investigada com firmeza. A instituição não será manchada por atos individuais de arrogância e prepotência.”

A atuação do ex-subcomandante, que sequer ocupa cargo de comando atualmente, exemplifica o uso do aparato de segurança pública como extensão de vaidade pessoal e instrumento de opressão simbólica. Uma afronta direta à moralidade administrativa e ao sofrimento de uma família em pleno momento de despedida.

O caso está longe de ser apenas um deslize. Trata-se de um atentado contra a ordem institucional e o respeito aos direitos básicos da cidadania. A representação também será encaminhada ao Ministério Público, para investigação de eventuais crimes previstos na Lei de Abuso de Autoridade (Lei nº 13.869/2019).

Mais do que um PAD, a sociedade espera uma resposta à altura da gravidade do que ocorreu. Porque o luto, a dignidade e a memória de uma mãe não podem ser vilipendiados por quem se julga acima da lei.