Polícia

Máfia dos Depósitos: Polícia revela nomes de organização que desviou R$ 20 milhões do TJMT

Conselheiro da OAB é preso durante operação; esquema envolvia advogados, servidores e falsificação de guias judiciais

PEDRO RIBEIRO/DA EDITORIA 30/07/2025
Máfia dos Depósitos: Polícia revela nomes de organização que desviou R$ 20 milhões do TJMT
A quadrilha, segundo a investigação, era composta por advogados, servidores do TJ e familiares | Arquivo Página 12

Um verdadeiro rombo milionário no coração do Judiciário de Mato Grosso veio à tona nesta quarta-feira (30), após a Polícia Civil deflagrar uma operação bombástica para desmantelar uma organização criminosa que teria desviado mais de R$ 20 milhões da Conta Única do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT).

A quadrilha, segundo a investigação, era composta por advogados, servidores do TJ e familiares, todos com acesso privilegiado ao sistema do Judiciário, que falsificavam documentos e manipulavam processos para simular quitações de dívidas e desviar valores diretamente da conta judicial.

A operação causou surpresa até mesmo entre membros da advocacia: o advogado Rodrigo Moreira Marinho, conselheiro da OAB/MT, foi preso no momento em que chegava para acompanhar as diligências como representante do Tribunal de Defesa das Prerrogativas (TDP). Ele descobriu no local que era, na verdade, um dos alvos da investigação.

Os nomes da organização criminosa já foram divulgados:

João Gustavo Ricci Volpato – apontado como líder do esquema

Luiza Rios Ricci Volpato

Augusto Frederico Ricci Volpato

Rodrigo Moreira Marinho – conselheiro da OAB/MT

Wagner Vasconcelos de Moraes

Melissa França Praeiro Vasconcelos Moraes

Themis Lessa da Silva

João Miguel da Costa Neto

Régis Poderoso de Souza

Mauro Ferreira Filho

Denise Alonso

Mauro Martins Sanches Júnior – servidor do TJMT

As investigações tiveram início após a constatação de que comprovantes de depósitos judiciais apresentados em diversos processos eram falsos. Em resposta a ofício enviado ao Banco do Brasil, a instituição confirmou que não havia registros dos pagamentos e apontou incongruências, numerações inválidas e dados divergentes nas guias apresentadas pelos réus.

Os alvos foram surpreendidos em Cuiabá e Várzea Grande, com mandados de prisão e busca em ao menos sete endereços. A suspeita é de que o esquema tenha atuado por anos, se aproveitando da aparência de legalidade para burlar o sistema judicial e embolsar milhões.

Apesar da gravidade do escândalo, nem o TJMT nem a OAB/MT se pronunciaram oficialmente até o momento. A operação segue em andamento, e novas prisões não estão descartadas