O crime organizado em Cuiabá sofreu um golpe de peso na quinta-feira,21. João Bosco Queiroz de Amorim, irmão de Sebastião Lauze Queiroz de Amorim — o temido “Vovô” e autointitulado “dono da quebrada” — morreu após trocar tiros com a Polícia Civil durante o cumprimento de mandados da Operação Ludus Sordidus.

Segundo a polícia, João Bosco atuava como braço direito do irmão, controlando parte das finanças e da logística da facção, que dominava bairros como Osmar Cabral e Jardim Liberdade. Ele foi baleado em confronto, chegou a ser socorrido e levado ao Hospital Municipal de Cuiabá (HMC), mas não resistiu. O corpo foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML).

As investigações revelaram que Sebastião Lauze, o “Vovô”, construiu uma rede criminosa complexa, que mesclava tráfico de drogas, jogos de azar, estelionato e lavagem de dinheiro. Para enganar a comunidade e fortalecer sua influência, ele usava como fachada o time amador SN Futebol Clube, além de promover doações de cestas básicas e botijões de gás em bairros carentes.

A estratégia foi classificada pelos delegados da GCCO e da Draco como uma verdadeira “lavagem de imagem”: ao mesmo tempo em que se apresentava como benfeitor, controlava negócios ilícitos milionários e expandia sua facção para Várzea Grande e até para outros estados, como São Paulo.

A Operação Ludus Sordidus foi autorizada pelo Núcleo de Justiça 4.0 do Juiz das Garantias de Cuiabá e cumpriu 38 ordens judiciais, entre elas: 10 mandados de prisão preventiva (8 já cumpridos); 8 de busca e apreensão; sequestro de 7 imóveis e bloqueio de contas e valores que ultrapassam R$ 13,3 milhões.

Além dos irmãos, outro alvo de destaque foi o influenciador Dainey Aparecido da Costa, de 34 anos, conhecido como Deniz Bet, apontado como operador de esquemas de apostas clandestinas ligadas à facção.

A investigação começou em dezembro de 2023, quando integrantes do grupo interromperam uma reunião comunitária no bairro Jardim Liberdade, em Cuiabá, e ameaçaram moradores e autoridades, confundindo o encontro com ato político. A partir desse episódio, a polícia desvendou toda a estrutura criminosa, que já havia alcançado alto patamar financeiro e social.

De acordo com o delegado Gustavo Colognesi Belão, titular da GCCO, a prisão de “Vovô” e a morte de João Bosco representam um duro golpe na facção:

“Eles já haviam alcançado influência significativa dentro da comunidade, com tentáculos em várias frentes criminosas. Essa operação descapitaliza a organização e enfraquece seu poder sobre a população”, afirmou.