Polícia

Juiz de MT mergulhado em escândalo: PF aponta R$ 6 milhões em propinas pagas à esposa e até à ex-mulher

O dinheiro, segundo o relatório, era despejado em contas da esposa e até da ex-esposa do magistrado, numa engenharia criminosa comandada pelo lobista Andreson de Oliveira Gonçalves

PEDRO RIBEIRO/DA EDITORIA/COM PF-MT 21/08/2025
Juiz de MT mergulhado em escândalo: PF aponta R$ 6 milhões em propinas pagas à esposa e até à ex-mulher
O esquema escandaloso foi desvendado após rastreamento de transferências bancárias feitas pela empresa Florais Transportes, ligada a Gonçalves | Arquivo Página 12

A Polícia Federal detonou mais um capítulo explosivo da Operação Sisamnes: o juiz Ivan Lúcio Amarante, da Comarca de Vila Rica (MT), teria transformado o cargo em um balcão de negócios, vendendo decisões judiciais por R$ 6 milhões em propinas. O dinheiro, segundo o relatório, era despejado em contas da esposa e até da ex-esposa do magistrado, numa engenharia criminosa comandada pelo lobista Andreson de Oliveira Gonçalves.

O esquema escandaloso foi desvendado após rastreamento de transferências bancárias feitas pela empresa Florais Transportes, ligada a Gonçalves. Em troca, Amarante teria garantido decisões que favoreciam interesses milionários do advogado Roberto Zampieri, executado em Cuiabá em 2023, e do grupo empresarial do lobista.

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Para os investigadores, não restam dúvidas: havia uma rede de corrupção entranhada no Judiciário, que transformava a toga em moeda de troca. Além de corrupção passiva, Amarante e seus comparsas foram indiciados por lavagem de dinheiro e associação criminosa.

“Trata-se de uma organização articulada, com divisão de tarefas e objetivo claro: comercializar decisões judiciais e lavar propinas milionárias”, escreveu a PF.

O escândalo foi parar no Supremo Tribunal Federal (STF). O ministro Cristiano Zanin já determinou o afastamento imediato do juiz e o bloqueio de até R$ 30 milhões em bens. O caso agora segue para análise da Procuradoria-Geral da República (PGR), que deve decidir pelo oferecimento da denúncia.

Andreson Gonçalves não é novato em tramas de corrupção: já foi acusado de subornar desembargadores do TJMT e é investigado por supostas tentativas de corromper até gabinetes do STJ. Ele ficou preso de novembro de 2023 a julho deste ano e foi solto alegando problemas de saúde.

A defesa do juiz classificou a divulgação das informações como “estranha” e reafirmou que “a inocência será provada”. Já os advogados de Gonçalves não se manifestaram.