Polícia

Advogado ‘Doutor do Crime’ é preso acusado de chefiar facção que lavou R$ 100 milhões em MT

Polícia revela que mãe, esposa, irmã e outros parentes faziam parte da quadrilha desmantelada em operação cinematográfica

PEDRO RIBEIRO/DA EDITORIA/COM PC-MT 02/09/2025
Advogado ‘Doutor do Crime’ é preso acusado de chefiar facção que lavou R$ 100 milhões em MT
A prisão foi realizada durante a Operação Conductor, deflagrada pela Polícia Civil | PC-MT

O advogado Douglas Antônio Gonçalves de Almeida, de 32 anos, conhecido no submundo como “Doutor do Crime”, foi preso na terça-feira,02, em Várzea Grande, acusado de chefiar uma facção criminosa que movimentou mais de R$ 100 milhões com tráfico de drogas e lavagem de dinheiro. A prisão foi realizada durante a Operação Conductor, deflagrada pela Polícia Civil.

Segundo as investigações, Douglas era o cérebro da organização, responsável por toda a logística criminosa — desde o transporte de toneladas de cocaína na região de fronteira até a distribuição em supermercados, terminais de ônibus e casas de médio padrão usadas como depósitos. Para blindar os negócios ilícitos, o advogado contava com a participação da própria família, incluindo a irmã, a esposa, a mãe, o irmão, a tia e a cunhada.

A polícia revelou que a irmã do advogado tinha papel estratégico: recebia e distribuía drogas em Várzea Grande, além de movimentar grandes somas de dinheiro em contas pessoais e de empresas de fachada. O grupo lavava recursos por meio de companhias fantasmas, como uma empresa de energia solar em Cuiabá, que movimentou R$ 23 milhões em 2024, e uma farmácia inexistente no bairro Dom Aquino, cujo capital social pulou de R$ 5 mil para R$ 800 mil no mesmo ano.

Além dessas, foram identificadas empresas de alimentos e até uma distribuidora de bebidas usadas para dar aparência de legalidade ao dinheiro sujo.

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As investigações começaram em abril de 2024, quando um motorista de 31 anos foi preso em Cáceres transportando 153,8 kg de cocaína em uma van disfarçada de transporte de passageiros. Ele recebia R$ 30 mil por viagem para levar a droga até Várzea Grande. O dinheiro era transferido para a conta da companheira, também investigada.

Esse motorista tinha ligação direta com a família de Douglas por meio de outro comparsa, de 34 anos, que movimentou R$ 3,7 milhões entre 2022 e 2024 e seria integrante de facção criminosa.

A Operação Conductor mobilizou um grande aparato policial. Ao todo, 16 pessoas foram presas e 95 mandados judiciais cumpridos em Cuiabá, Várzea Grande, Cáceres, São Luís (MA) e Jaboatão dos Guararapes (PE). Foram ainda decretados: 35 mandados de busca e apreensão; 39 bloqueios de valores e 5 sequestros de veículos.

De acordo com a Polícia Civil, em apenas quatro meses a facção recebeu mais de duas toneladas de cocaína, além de armas e munições. Parte do entorpecente abastecia o mercado em Mato Grosso, enquanto o restante era enviado para outros estados.

A ação teve apoio da Receita Federal, do Ministério Público, da Politec e contou com equipes das Diretorias Metropolitana, do Interior e de Atividades Especiais da Polícia Civil.

O nome “Conductor” foi inspirado no motorista preso no início das investigações, que funcionava como elo de ligação entre a fronteira e a região metropolitana da capital mato-grossense.