Polícia

Trio acusado de matar advogado vai a júri, mas ‘cabeça’ do crime ainda é mistério

Justiça mantém prisão dos executores e STF investiga possível mandante do assassinato de Roberto Zampieri em Cuiabá

PEDRO RIBEIRO/DA EDITORIA/COM MP-MT 03/10/2025
Trio acusado de matar advogado vai a júri, mas ‘cabeça’ do crime ainda é mistério
Foram pronunciados Antônio Gomes da Silva, Hedilerson Fialho Martins Barbosa e Etevaldo Luiz Caçadini de Vargas | Arquivo Página 12

Os três acusados de envolvimento direto no assassinato do advogado Roberto Zampieri, executado a tiros em dezembro de 2023, vão a júri popular em Cuiabá.

A decisão foi tomada nesta sexta-feira (3) pelo Juízo da 12ª Vara Criminal da Capital, que acolheu integralmente a denúncia oferecida pelo Ministério Público do Estado de Mato Grosso (MPMT), por meio do Núcleo de Defesa da Vida.

Foram pronunciados Antônio Gomes da Silva, Hedilerson Fialho Martins Barbosa e Etevaldo Luiz Caçadini de Vargas, todos denunciados por homicídio triplamente qualificado: motivo torpe, recurso que dificultou a defesa da vítima e execução mediante paga ou promessa de recompensa.

De acordo com a denúncia, o crime foi meticulosamente planejado e executado de forma covarde. Antônio Gomes e Hedilerson Barbosa teriam atuado como intermediários da ação, enquanto Etevaldo Vargas foi o responsável pelos disparos fatais. A vítima foi surpreendida nas imediações do próprio escritório, no bairro Bosque da Saúde, em Cuiabá.

“Antônio Gomes da Silva, utilizando-se de recurso que dificultou a defesa da vítima, auxiliado por Hedilerson Fialho Martins Barbosa, agindo ambos mediante paga e promessa de recompensa efetivada por Etevaldo Luiz Caçadini de Vargas, que efetuou disparos de arma de fogo contra a vítima”, narra a denúncia do MPMT.

Os três acusados continuarão presos preventivamente até o julgamento, por determinação da Justiça, que considerou a gravidade do crime, a periculosidade dos réus e a necessidade de garantir a ordem pública.

O que ainda intriga as autoridades — e a sociedade — é a possível participação de mandantes na execução do crime. Essa vertente está sendo apurada em inquérito complementar que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF), sob a relatoria do ministro Cristiano Zanin. O processo corre sob segredo de Justiça, o que impede a divulgação dos nomes investigados.

Roberto Zampieri era advogado conhecido no meio jurídico mato-grossense e atuava em causas relevantes. Sua morte, além de brutal, foi interpretada por colegas como um ataque à advocacia e ao Estado Democrático de Direito. A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) acompanhou o caso desde o início e cobrou rigor nas investigações.

A denúncia acolhida foi assinada pelos promotores Samuel Frungilo, Marcelle Rodrigues, Vinícius Gahyva e Jorge Paulo Damante, integrantes das Promotorias Criminais da Capital.

O julgamento dos réus agora será marcado pelo Tribunal do Júri. Mas a pergunta que ecoa segue sem resposta:

Quem mandou matar Roberto Zampieri?