Polícia
Caso Personal Trainer: PM e comparsa são indiciados por execução premeditada em Várzea Grande
Polícia Civil conclui inquérito e aponta que Rozeli Nunes foi morta a tiros por vingança após disputa judicial com o militar; familiares são excluídos das investigações

A Polícia Civil de Mato Grosso concluiu o inquérito sobre o assassinato da personal trainer Rozeli da Costa Sousa Nunes, de 33 anos, e indiciou o policial militar Raylton Mourão e seu comparsa Vitor Hugo Oliveira da Silva por homicídio qualificado e premeditado.
De acordo com o relatório final da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), o crime foi planejado e executado com frieza, utilizando uma motocicleta para surpreender a vítima na porta de casa, em Várzea Grande, no dia 11 de setembro de 2025.
O documento foi encaminhado ao Ministério Público na sexta-feira (10). Caso o MP ofereça denúncia e ambos sejam condenados, os suspeitos podem cumprir pena de 12 a 30 anos de prisão.
A investigação revelou que Raylton Mourão, o policial militar, foi o autor dos disparos que tiraram a vida de Rozeli. Seu amigo, Vitor Hugo, atuou como coautor, dando apoio na ação e pilotando a motocicleta usada na emboscada.
Segundo o delegado Bruno Abreu, que coordenou o caso, os elementos reunidos não deixam dúvidas sobre a participação direta dos dois.
“O conjunto probatório — confissões, objetos apreendidos, cruzamento de horários, dados técnicos e imagens de câmeras de segurança — comprovou a autoria e materialidade do crime. Foi uma execução planejada e sem chance de defesa para a vítima”, afirmou o delegado.
Rozeli foi alvejada com vários tiros logo ao sair de casa. As imagens de câmeras da região mostram a moto se aproximando lentamente antes dos disparos e fugindo em alta velocidade logo em seguida.
A DHPP apurou que o assassinato teria sido motivado por uma disputa judicial entre a vítima e o policial militar. Rozeli havia processado Raylton Mourão e sua esposa, cobrando cerca de R$ 25 mil por danos morais e materiais, após um desentendimento pessoal que evoluiu para ações na Justiça.
A investigação concluiu que o crime foi uma resposta de vingança, planejada com antecedência, e executada de forma a calar a vítima definitivamente.
Durante o curso das investigações, surgiram suspeitas de que a esposa e os pais do policial pudessem ter participado do crime. No entanto, após o cruzamento de horários e análise dos dados telefônicos, a DHPP descartou qualquer envolvimento da família.
“As provas reforçam que nenhum dos familiares teve conhecimento ou participação na execução”, confirmou o delegado Bruno Abreu.
Com isso, a esposa e os pais de Raylton Mourão foram formalmente excluídos do rol de investigados.
O relatório final foi remetido ao Ministério Público de Mato Grosso, que decidirá se oferece denúncia formal contra o PM e o comparsa.
Caso o processo seja aceito pela Justiça, ambos responderão por homicídio qualificado por motivo fútil, premeditação e impossibilidade de defesa da vítima (art. 121, §2º, II e IV, c/c art. 29 do Código Penal).
Se condenados, Raylton Mourão e Vitor Hugo poderão cumprir até 30 anos de prisão.
O assassinato da personal trainer Rozeli Nunes causou comoção em Várzea Grande. Reconhecida na região pelo trabalho com condicionamento físico e bem-estar, Rozeli foi morta de forma brutal, a poucos metros de casa.

O caso ganhou repercussão estadual e expôs mais um episódio de violência premeditada envolvendo agentes públicos.