Polícia
MP cita ‘execução sumária’ e defende que advogado vá a júri por matar morador de rua em Cuiabá
Promotoria afirma que vítima foi “sumariamente executada na via pública” e rejeita tese de legítima defesa

O
Ministério Público de Mato Grosso (MPMT) afirmou que o advogado e ex‑procurador
da Assembleia Legislativa, Luiz
Eduardo de Figueiredo Rocha da Silva, deve ser julgado pelo Tribunal do Júri por executar com um tiro na testa o
morador de rua Ney Müller Alves
Pereira, nas proximidades da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).
Em parecer
divulgado nesta terça‑feira (14), o promotor Samuel Frungilo, da 21ª Promotoria Criminal — Núcleo de
Defesa da Vida —, classificou o assassinato como “execução sumária” e rebateu o pedido da defesa para anular a
decisão de pronúncia que manda o réu a julgamento popular.
“A ação,
do momento em que o acusado se aproxima e chama a vítima até quando ela cai ao
solo, acontece em aproximadamente quatro segundos. A vítima foi sumariamente
executada na via pública, sem qualquer chance de defesa”, destacou o promotor.
Segundo o
Ministério Público, o crime foi motivado
por vingança, depois que o advogado acreditou que o morador de rua havia
danificado seu carro de luxo. Em vez de acionar a polícia, ele teria
iniciado “verdadeira caçada” à
vítima.
“O
objetivo do acusado não era o de acionar as autoridades, mas sim de encontrar e
punir o responsável pelos danos em seu veículo”, afirma o parecer.
As imagens de câmeras de segurança anexadas
ao processo mostram o momento em que o advogado para o carro, chama Ney Müller
e dispara um único tiro à queima‑roupa,
fugindo logo em seguida.
O promotor
considerou a versão de legítima
defesa “esquálida e desprovida de lógica”, ressaltando que a vítima
estava desarmada e não ofereceu qualquer ameaça.
“Não há um
único indício de que a vítima tenha tentado agredir ou representasse perigo.
Foi morta em segundos, sem qualquer chance de reação”, disse Frungilo.
Com o
parecer, o MPMT pediu a manutenção
integral da decisão de pronúncia, sustentando que não há nulidades e que
o caso deve ser decidido pelo Tribunal
do Júri, como prevê a Constituição.
O advogado
Luiz Eduardo segue preso e aguarda o julgamento, que ainda não tem data
marcada.