Polícia

MP cita ‘execução sumária’ e defende que advogado vá a júri por matar morador de rua em Cuiabá

Promotoria afirma que vítima foi “sumariamente executada na via pública” e rejeita tese de legítima defesa

PEDRO RIBEIRO/DA EDITORIA/COM MP-MT 14/10/2025
MP cita ‘execução sumária’ e defende que advogado vá a júri por matar morador de rua em Cuiabá
O Ministério Público de Mato Grosso (MPMT) afirmou que o advogado e ex‑procurador da Assembleia Legislativa, Luiz Eduardo de Figueiredo Rocha da Silva | Arquivo Página 12

O Ministério Público de Mato Grosso (MPMT) afirmou que o advogado e ex‑procurador da Assembleia Legislativa, Luiz Eduardo de Figueiredo Rocha da Silva, deve ser julgado pelo Tribunal do Júri por executar com um tiro na testa o morador de rua Ney Müller Alves Pereira, nas proximidades da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).

Em parecer divulgado nesta terça‑feira (14), o promotor Samuel Frungilo, da 21ª Promotoria Criminal — Núcleo de Defesa da Vida —, classificou o assassinato como “execução sumária” e rebateu o pedido da defesa para anular a decisão de pronúncia que manda o réu a julgamento popular.

“A ação, do momento em que o acusado se aproxima e chama a vítima até quando ela cai ao solo, acontece em aproximadamente quatro segundos. A vítima foi sumariamente executada na via pública, sem qualquer chance de defesa”, destacou o promotor.

Segundo o Ministério Público, o crime foi motivado por vingança, depois que o advogado acreditou que o morador de rua havia danificado seu carro de luxo. Em vez de acionar a polícia, ele teria iniciado “verdadeira caçada” à vítima.

“O objetivo do acusado não era o de acionar as autoridades, mas sim de encontrar e punir o responsável pelos danos em seu veículo”, afirma o parecer.

As imagens de câmeras de segurança anexadas ao processo mostram o momento em que o advogado para o carro, chama Ney Müller e dispara um único tiro à queima‑roupa, fugindo logo em seguida.

O promotor considerou a versão de legítima defesa “esquálida e desprovida de lógica”, ressaltando que a vítima estava desarmada e não ofereceu qualquer ameaça.

“Não há um único indício de que a vítima tenha tentado agredir ou representasse perigo. Foi morta em segundos, sem qualquer chance de reação”, disse Frungilo.

Com o parecer, o MPMT pediu a manutenção integral da decisão de pronúncia, sustentando que não há nulidades e que o caso deve ser decidido pelo Tribunal do Júri, como prevê a Constituição.

O advogado Luiz Eduardo segue preso e aguarda o julgamento, que ainda não tem data marcada.