O acusado de feminicídio Rafael Rodrigues, de 32 anos, tentou justificar em audiência de custódia que não teve a intenção de matar a ex-companheira Gabriella da Fonseca Moura, de 36 anos, assassinada na noite de terça-feira (14), em Nova Lacerda (546 km de Cuiabá).

Durante o depoimento, realizado por videoconferência nesta quarta (15), o réu disse que foi à casa da vítima “para conversar” e que o crime teria ocorrido após uma briga com os filhos dela.

“Fui lá para ela conversar com a filha dela, para parar de me ameaçar, para fazermos um acordo, para eles viverem a vida deles e eu viver a minha. Falar do dinheiro que tínhamos para repartir”, declarou.

Rafael, que permanece internado sob custódia policial em razão de ferimentos sofridos durante a luta corporal, afirmou que Gabriella teria “caído sobre a faca” durante a confusão.

“A faca eu peguei na casa, entrei pelo portão e pela porta que estavam abertos. Quando eu entrei, a filha dela veio para cima de mim (...). Na hora que peguei a faca, a minha mulher veio por cima de mim e o filho dela me deu uma facada por cima dela. Daí caímos os três. Escutei que ela deu um grito, olhei e vi que ela tinha caído em cima da faca”, relatou.

A Polícia Civil, entretanto, contesta a versão do acusado.
O delegado Mateus Reiners, responsável pela investigação, afirmou que Rafael invadiu a residência armado com uma faca e uma corda, e que havia premeditado o crime.

“A intenção era amarrar os dois filhos dela – um menino de 14 anos e uma menina de 19 – e depois matá-la com golpes de faca. Mas ele já chegou desferindo as facadas na vítima”, revelou o delegado.

Ao verem a mãe sendo atacada, os filhos tentaram contê-lo e entraram em luta corporal com o agressor, que acabou ferido. Ele fugiu, mas foi localizado pela polícia pouco depois, em estado debilitado, sendo socorrido e levado ao hospital de Pontes e Lacerda.

Segundo os investigadores, Gabriella morreu ainda no local. Vizinhos relataram ter ouvido gritos e uma intensa discussão antes do crime.
Natural de Manaus (AM), a vítima deixa filhos e já não mantinha relacionamento com o agressor.

Rafael Rodrigues foi autuado por feminicídio qualificado, motivado por desprezo ao sexo feminino e pela presença dos filhos da vítima no momento do crime.

A Polícia Civil de Comodoro segue com as investigações para reunir provas e encaminhar o inquérito ao Ministério Público.