Polícia
Justiça aceita ação criminal contra o sindicalista Antônio Wagner em Cuiabá por ataques contra a Capital Consig
Presidente do Sinpaig é acusado de calúnia e difamação pela empresa investigada por fraudes em contratos de crédito consignado. O processo foi recebido pelo juiz Valter Fabrício Simioni, da 10ª Vara Criminal de Cuiabá
 
								A Justiça de Mato Grosso aceitou a queixa-crime movida pela empresa Capital Consig S.A. contra o presidente do Sindicato dos Profissionais da Área Instrumental do Governo de Mato Grosso (Sinpaig), Antônio Wagner Nicácio de Oliveira, por calúnia e difamação.
A decisão é do juiz Valter Fabrício Simioni da Silva, da 10ª Vara Criminal de Cuiabá, proferida nesta quinta-feira (30).
Segundo a ação, o sindicalista teria atribuído publicamente à empresa e a seus representantes a prática de crimes, como sonegação fiscal e lavagem de dinheiro, em diferentes ocasiões.
Os advogados da Capital Consig afirmam que as declarações atingiram a reputação e a imagem da companhia, que atualmente é alvo de investigações em razão de supostas irregularidades em contratos de consignado com servidores públicos estaduais.
De acordo com os autos, Antônio Wagner teria feito declarações ofensivas em três momentos distintos:
17 de março de 2025 — durante uma reunião gravada e posteriormente divulgada à imprensa;
19 de maio de 2025 — em entrevista na qual comparou o caso dos consignados a supostos descontos irregulares no INSS;
e uma terceira ocasião em que afirmou que “todos os contratos da empresa estariam fraudados”.
A Capital Consig sustenta que não há provas dessas afirmações e que as falas causaram danos morais e materiais à imagem da instituição.
Em nota, Antônio Wagner classificou a ação como “tentativa de intimidação” e disse não ver fundamento nas acusações.
“Tudo que afirmamos foi no sentido de defender os servidores de eventuais fraudes, e tudo tem sido comprovado por relatórios oficiais do próprio governo, por meio da força-tarefa com o Procon e também dessa ação civil pública do Ministério Público”, afirmou.
A reportagem entrou em contato com a Secretaria de Planejamento e Gestão (Seplag), mas não obteve resposta até a última atualização desta matéria.
Em maio deste ano, o Ministério Público de Mato Grosso (MPMT) instaurou inquérito civil para apurar possíveis práticas abusivas e lesivas aos consumidores em contratos firmados entre a Capital Consig e servidores estaduais.
As auditorias da Controladoria-Geral do Estado (CGE) identificaram falhas como a liberação de valores inferiores aos previstos em contrato e a transferência de operações para instituições financeiras não autorizadas, como Cartos SCD S.A. e BRK S.A. Crédito, Financiamento e Investimento.
Um relatório do Procon-MT apontou que 99,54% dos contratos analisados — de um total de 31.835 — não continham assinatura válida dos servidores, constando apenas a menção de “assinado eletronicamente”, sem autenticação comprovada.
Diante das irregularidades, o governo de Mato Grosso suspendeu temporariamente os descontos em folha relacionados aos contratos da empresa até o encerramento das apurações.
