Polícia

Sistema prisional entra em estado crítico: protesto cresce e visitas seguem interrompidas em MT

O movimento ganhou força após o assassinato do policial penal José Arlindo da Cunha, morto com três tiros no rosto na noite de sábado (22), em Várzea Grande. Ele trabalhava na PCE

PEDRO RIBEIRO/DA EDITORIA/COM SESP-MT 23/11/2025
Sistema prisional entra em estado crítico: protesto cresce e visitas seguem interrompidas em MT
A paralisação iniciada na Penitenciária Central do Estado (PCE), em Cuiabá, cresceu ao longo do dia e já provoca efeitos em outras unidades, segundo o Sindicato dos Policiais Penais (Sindsppen) | So Notícias

O clima segue tenso no sistema prisional de Mato Grosso oito horas após o assassinato do segundo policial penal em menos de 72 horas. A paralisação iniciada na Penitenciária Central do Estado (PCE), em Cuiabá, cresceu ao longo do dia e já provoca efeitos em outras unidades, segundo o Sindicato dos Policiais Penais (Sindsppen).

A suspensão das visitas na PCE, iniciada pela manhã, permanece em vigor e deve se estender para todo o estado caso não haja avanço nas investigações ou adoção de medidas emergenciais de proteção aos servidores. Os policiais penais afirmam que vivem um cenário de “vulnerabilidade extrema” e exigem resposta imediata do governo.

O movimento ganhou força após o assassinato do policial penal José Arlindo da Cunha, morto com três tiros no rosto na noite de sábado (22), em Várzea Grande. Ele trabalhava na PCE.

O crime ocorreu menos de três dias após a morte de Fábio Antônio Gimenez Mongelo, encontrado com um tiro na cabeça na quinta-feira (20), em Sinop. A Polícia Civil trabalha com a hipótese de execução.

Para o sindicato, os dois assassinatos em um intervalo tão curto configuram “ataques diretos à categoria” e exigem resposta imediata das autoridades.

Em nota atualizada neste domingo, o Sindsppen reforçou que o protesto pode se ampliar a qualquer momento:

“Caso não haja avanços na investigação e nas medidas de proteção, a paralisação das visitas será feita gradativamente nas demais unidades além da PCE. O protesto visa pressionar o governo estadual a garantir a segurança da categoria e a elucidação célere dos assassinatos”, afirma a entidade.

Segundo o sindicato, outras unidades do estado já operam com servidores em estado de alerta, discutindo adesão ao movimento.

A Secretaria de Justiça (Sejus) lamentou as mortes dos servidores e confirmou que a suspensão das visitas ocorre “de forma parcial” na PCE, para que colegas possam prestar homenagens.
No entanto, a pasta não se manifestou sobre a mobilização ou sobre eventuais medidas de reforço à segurança dos policiais penais.

Dentro das unidades, o ambiente é descrito pelos servidores como de “insegurança generalizada”. Policiais relatam medo de atuar nas ruas e até mesmo no trajeto entre casa e trabalho.

A expectativa é que novas reuniões entre representantes dos policiais penais ocorram ainda hoje, e o estado aguarda posicionamento oficial do governo sobre proteção à categoria.