Polícia
Sistema prisional entra em estado crítico: protesto cresce e visitas seguem interrompidas em MT
O movimento ganhou força após o assassinato do policial penal José Arlindo da Cunha, morto com três tiros no rosto na noite de sábado (22), em Várzea Grande. Ele trabalhava na PCE
O clima segue tenso no sistema prisional de Mato Grosso oito horas após o assassinato do segundo policial penal em menos de 72 horas. A paralisação iniciada na Penitenciária Central do Estado (PCE), em Cuiabá, cresceu ao longo do dia e já provoca efeitos em outras unidades, segundo o Sindicato dos Policiais Penais (Sindsppen).
A suspensão das visitas na PCE, iniciada pela manhã, permanece em vigor e deve se estender para todo o estado caso não haja avanço nas investigações ou adoção de medidas emergenciais de proteção aos servidores. Os policiais penais afirmam que vivem um cenário de “vulnerabilidade extrema” e exigem resposta imediata do governo.
O movimento ganhou força após o assassinato do policial penal José Arlindo da Cunha, morto com três tiros no rosto na noite de sábado (22), em Várzea Grande. Ele trabalhava na PCE.
O crime ocorreu menos de três dias após a morte de Fábio Antônio Gimenez Mongelo, encontrado com um tiro na cabeça na quinta-feira (20), em Sinop. A Polícia Civil trabalha com a hipótese de execução.
Para o sindicato, os dois assassinatos em um intervalo tão curto configuram “ataques diretos à categoria” e exigem resposta imediata das autoridades.
Em nota atualizada neste domingo, o Sindsppen reforçou que o protesto pode se ampliar a qualquer momento:
“Caso não haja avanços na investigação e nas medidas de proteção, a paralisação das visitas será feita gradativamente nas demais unidades além da PCE. O protesto visa pressionar o governo estadual a garantir a segurança da categoria e a elucidação célere dos assassinatos”, afirma a entidade.
Segundo o sindicato, outras unidades do estado já operam com servidores em estado de alerta, discutindo adesão ao movimento.
A Secretaria de Justiça (Sejus) lamentou as mortes dos servidores e confirmou que a suspensão das visitas ocorre “de forma parcial” na PCE, para que colegas possam prestar homenagens.
No entanto, a pasta não se manifestou sobre a mobilização ou sobre eventuais medidas de reforço à segurança dos policiais penais.
Dentro das unidades, o ambiente é descrito pelos servidores como de “insegurança generalizada”. Policiais relatam medo de atuar nas ruas e até mesmo no trajeto entre casa e trabalho.
A expectativa é que novas reuniões entre representantes dos policiais penais ocorram ainda hoje, e o estado aguarda posicionamento oficial do governo sobre proteção à categoria.