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EUA devem lançar nova fase de operações na Venezuela, diz Reuters
Derrubada de Maduro é uma das opções que estão sendo avaliadas por governo de Donald Trump
Os Estados Unidos estão prestes a lançar uma nova fase de operações relacionadas à Venezuela nos próximos dias, disseram quatro autoridades americanas à Reuters.
A Reuters não conseguiu apurar o momento exato ou o escopo das novas operações, nem se o presidente dos EUA, Donald Trump, já tomou uma decisão final de agir. Relatos sobre uma ação iminente proliferaram nas últimas semanas, à medida que os militares americanos enviaram tropas para o Caribe em meio ao agravamento das relações com a Venezuela.
Duas das autoridades americanas disseram que operações secretas provavelmente serão a primeira parte da nova ação contra Maduro. Todas as quatro autoridades citadas nesta reportagem falaram sob condição de anonimato devido à sensibilidade da ação iminente dos Estados Unidos.
O Pentágono encaminhou as perguntas à Casa Branca. A CIA se recusou a comentar. Um alto funcionário do governo, no sábado, não descartou nenhuma possibilidade em relação à Venezuela.
"O presidente Trump está preparado para usar todos os recursos do poder americano para impedir que as drogas inundem nosso país e para levar os responsáveis à justiça", disse a fonte, falando sob condição de anonimato.
O Ministério das Comunicações da Venezuela não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.
O governo Trump tem avaliado opções relacionadas à Venezuela para combater o que descreve como o papel de Maduro no fornecimento de drogas ilegais que mataram americanos. Ele nega qualquer ligação com o tráfico de drogas.
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Dois funcionários americanos disseram à Reuters que as opções em consideração incluem uma tentativa de derrubar Maduro.
Maduro, no poder desde 2013, alega que Trump busca destituí-lo e que os cidadãos venezuelanos e os militares resistirão a qualquer tentativa nesse sentido. Ele também caracteriza as ações americanas como uma tentativa de assumir o controle do petróleo venezuelano.
Um aumento da presença militar no Caribe está em curso há meses, e Trump autorizou operações secretas da CIA na Venezuela. A Administração Federal de Aviação dos EUA (FAA) alertou na sexta-feira (21) as principais companhias aéreas sobre uma "situação potencialmente perigosa" ao sobrevoar a Venezuela e as instou a tomar precauções.
Três companhias aéreas internacionais cancelaram voos partindo da Venezuela no sábado, após o alerta da FAA.
Os Estados Unidos planejam, na segunda-feira (24), designar o Cartel de los Soles como uma organização terrorista estrangeira por seu suposto papel na importação de drogas ilegais para os Estados Unidos, disseram autoridades. O governo Trump acusou Maduro de liderar o Cartel de los Soles, o que ele nega.
Em agosto, Washington dobrou a recompensa por informações que levem à prisão de Maduro para US$ 50 milhões. Mas o secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth, disse na semana passada que a designação de terrorista "traz uma série de novas opções para os Estados Unidos".
Trump afirmou que a iminente designação permitiria aos Estados Unidos atacar os bens e a infraestrutura de Maduro na Venezuela, mas também indicou disposição para buscar negociações na esperança de uma solução diplomática.
Possibilidade de diálogo entre Trump e Maduro
Maduro afirmou no início desta semana que as diferenças entre os países devem ser resolvidas por meio da diplomacia e que está disposto a manter conversas presenciais com qualquer pessoa interessada.
Dois oficiais americanos confirmaram conversas entre Caracas e Washington. Não ficou claro se essas conversas poderiam impactar o cronograma ou a escala de potenciais operações americanas.
O maior porta-aviões da Marinha dos EUA, o Gerald R. Ford, chegou ao Caribe em 16 de novembro com seu grupo de ataque, juntando-se a pelo menos outros sete navios de guerra, um submarino nuclear e aeronaves F-35.
As forças americanas na região têm se concentrado até agora em operações de combate ao narcotráfico, embora o poder de fogo reunido seja muito superior ao necessário para essas operações. Desde setembro, as tropas americanas realizaram pelo menos 21 ataques contra supostos barcos de narcotráfico, matando pelo menos 83 pessoas, principalmente no Caribe, embora embarcações no Oceano Pacífico também tenham sido alvejadas.
Organizações de direitos humanos condenaram os ataques como execuções extrajudiciais ilegais de civis, e alguns aliados dos EUA expressaram crescente preocupação de que Washington possa estar violando o direito internacional.