Não é só a imprensa do estado que está estarrecida com a atitude decepcionante e um desserviço que a concessionária de energia elétrica Energia fez ao cortar centenas de energia nas residências em pleno período de confinamento por causa da proliferação do Covid-19, o novo coronavírus, mas, deixou atônicos também todos os mato-grossenses.
No afã de arrecadar, a concessionária que opera no estado desrespeitou um dos bens mais valiosos no combate a Pandemia mundial: a vida. Milhares de cidadãos do estado sucumbiram-se ao vírus e estão na quarentena para não serem infectados. É latente que eles também pararam de trabalhar e em consequência não tem condições de pagar as contas de energia.
Na contra mão da história e, diferentemente, de outras concessionárias pelo país e pelo mundo afora que liberaram o pagamento da energia elétrica de seus consumidores nesse período crítico, a Energisa fez o contrário e continuou a cobrar.
E o mais absurdo: cortar a energia dos consumidores de Mato Grosso.
O povo mato-grossense está aterrorizado com o vírus que já matou 20.500 pessoas até a quarta feira, 25 de março e infectou 451.419. Realmente é lamentável.
É certo que nos próximos dias e semanas, o coronavírus tenha atingido com força toda a América Latina, incluindo o Brasil e Mato Grosso.
Os dados são inquietantes e as curvas indicam que a pandemia crescerá a ritmos similares aos já vistos antes na Ásia e na Europa.
Mas, ao contrário, para a Energisa o que vale é o pagamento das faturas, em detrimento à vida. A única vantagem é que torcemos que o vírus chega mais tarde nos municípios do estado.
E que há lições do fracasso (e sucessos relativos) da empresa Energisa deveria ser levados em conta para mitigar, na medida do possível, uma hecatombe econômica e social sem precedentes.
As respostas, até agora da concessionária, foram díspares. Primeiro porque em dois extremos ilustram a angústia que guia os mato-grossenses.
Segundo porque as medidas drásticas de isolamento deixam na mais absoluta precariedade ampla as camadas mais humildades da sociedade, que sobrevivem com o que ganham a cada dia e se veem privados de todo o seu sustento em caso de suspensão da atividade econômica, inclusive de pagar a conta da energia elétrica. A pobreza também mata.
E a diretoria da Energisa acompanha a evolução da curva de contágios e as experiências em outros estados e países para determinar quando intervir ― e não antes ― para mitigar os estragos da pandemia sem atirar milhões de concidadãos na pobreza.
As declarações oficiais da empresa ― em parte por obrigação ― para enfrentar o tsunami, são difíceis de aceitar.
O que se espera, agora, é mais racionalidade dos diretores da Energisa contra essa barbárie em Mato Grosso.
Ficar sem energia elétrica na vida de pessoas, machuca todo mundo e impede a sociedade de continuar em frente - nós repetimos - essencial para sobrevivermos.
O Página 12 se solidariza com as famílias que tiveram suas energias cortadas pela Energisa, e se junta a todos que exigem uma nova postura da empresa no estado.
Estado do qual, nos próximos dias e semanas, seus cidadãos provavelmente vão necessitar como nunca antes da energia em suas casas.