Política
Tarcísio diz que PMs passarão por treinamento e descarta mudança na Segurança Pública
Declaração foi dada após casos de grande repercussão envolvendo violência policial em SP
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), afirmou que os policiais militares do estado deverão passar por treinamentos de capacitação e um programa de reciclagem.
O chefe do Palácio dos Bandeirantes também descartou mudanças na Secretaria de Segurança Pública, hoje chefiada pelo capitão reformado da PM Guilherme Derrite. A declaração foi dada durante entrevista coletiva realizada na manhã desta segunda-feira (13).
As ações acontecem após casos de violência policial de grande repercussão no estado.
“A gente vai ter reuniões, uma série de ações que vão ser tomadas. Nós já começamos um programa de treinamento feito ao longo do próprio serviço. Então são várias reuniões que estão sendo feitas com aquele efetivo polícia que está indo para a rua, a ideia é intensificar ações de treinamento”, declarou.
Ao responder sobre como funcionariam esses treinamentos, Tarcísio respondeu dizendo que a carga horária dos agentes que atuam nas ruas deve ser mudada, e que o programa de reciclagem será feito antes da jornada de serviço.
“A carga horária muda e a gente está fazendo um grande programa de reciclagem. Ou seja, a tropa que está indo para a rua está passando por esse treinamento, esse treinamento está acontecendo antes do início da jornada de serviço.” “Estamos apresentando cases, onde houve abuso, para tudo tem procedimento e a gente precisa exigir que os procedimentos sejam rigorosamente seguidos”, acrescentou.
Mortes por PMs cresceram 98%
Segundo um levantamento do Grupo de Atuação Especial da Segurança Pública e Controle Externo da Atividade Policial do Ministério Público de São Paulo, as mortes por intervenção policial no estado cresceram cerca de 98% durante os dois primeiros anos do governo Tarcísio.
Entre janeiro e novembro de 2022, último ano da gestão anterior da Secretaria de Segurança Pública (SSP), foram 355 ocorrências. No mesmo período de 2024, segundo ano da gestão de Guilherme Derrite, o número saltou para 702 mortes.
Casos de violência policial
Na madrugada do dia 20 deste mês, o estudante de medicina Marco Aurélio Cardenas Acosta foi morto por um policial militar após uma abordagem em um hotel no bairro da Vila Mariana, zona sul da capital paulista.
Segundo o boletim de ocorrência obtido pela CNN, os policiais atenderam uma chamada no local e relataram que Marco Aurélio estava “bastante alterado, agressivo, e resistiu à abordagem policial, entrando em vias de fato com a equipe.”
Durante o confronto, ainda segundo o documento, Marco Aurélio teria tentado pegar a arma de um dos policiais. O soldado, então, disparou contra o estudante. A versão contada pelos PMs não condiz com as imagens das câmeras de segurança do hotel, que mostram que o estudante não tentou pegar o revólver do policial.
Em novembro, imagens de câmeras de segurança mostraram que o jovem negro Gabriel Renan da Silva Soares foi executado pelas costas pelo policial militar Vinicius de Lima Britto em um mercado da zona sul da cidade.
A versão inicial apresentada pelo PM era de que o jovem teria feito menção de estar armado, o que, na versão dele, justificaria os disparos. Um atendente do mercado corroborou essa narrativa, alegando que Gabriel teria dito: “Não mexe comigo, que estou armado, não quero nada do que é seu.”
Entretanto, as imagens mostram que o jovem, que havia acabado de furtar itens de limpeza, escorregou quando tentou sair correndo do mercado e que em nenhum momento fez menção de estar armado. Nas imagens, também é possível concluir que não houve diálogo, e que o policial acertou a vítima pelas costas.
Em 2 de dezembro, um vídeo flagrou um policial militar jogando um homem de uma ponte na zona sul de São Paulo. Segundo informações, o caso ocorreu no bairro da Vila Clara, na região de Cidade Ademar. Os 13 agentes envolvidos na ação foram afastados.