Política

Prefeitura de Várzea Grande desmonta sistema de fiscalização sem estudo técnico e vira alvo do Ministério Público

O caso já está sob investigação do Ministério Público de Mato Grosso, que cobra explicações formais sobre a medida

PEDRO RIBEIRO/DA EDITORIA/COM MP-MT 22/05/2025
Prefeitura de Várzea Grande desmonta sistema de fiscalização sem estudo técnico e vira alvo do Ministério Público
O MP quer saber se houve estudo técnico prévio, avaliação dos impactos na segurança viária, e como a retirada afetará o contrato milionário com o Consórcio Várzea Grande, Mato Grosso | MP-MT

A retirada dos radares de fiscalização em Várzea Grande, feita pela atual gestão da prefeita Flávia Moretti, escancarou um exemplo clássico de decisão administrativa tomada no improviso, sem transparência e, até o momento, sem qualquer respaldo técnico apresentado à sociedade. O caso já está sob investigação do Ministério Público de Mato Grosso, que cobra explicações formais sobre a medida.

A 1ª Promotoria de Justiça Cível da Comarca de Várzea Grande, especializada na defesa do patrimônio público e da probidade administrativa, instaurou uma Notícia de Fato e enviou ofício à prefeita exigindo esclarecimentos sobre os critérios adotados para o desmonte dos equipamentos. O MP quer saber se houve estudo técnico prévio, avaliação dos impactos na segurança viária, e como a retirada afetará o contrato milionário com o Consórcio Várzea Grande, Mato Grosso.

Segundo a promotora Taiana Castrillon Dionello, apesar das promessas de economia feitas pela gestão — que fala em reduzir R$ 158 mil mensais com a medida — nenhum dado concreto foi apresentado até agora para justificar o desmonte. A prefeitura segue vendendo a ideia de um “novo plano de mobilidade urbana”, mas sequer apresentou diretrizes básicas de execução.

A decisão levanta suspeitas não apenas de negligência técnica, mas também de populismo administrativo, típico de gestões que preferem agradar setores da sociedade com medidas de impacto imediato (como a eliminação de radares), mas que ignoram as consequências a longo prazo, especialmente no aumento de acidentes e mortes no trânsito.

Mais grave ainda, o MP requisitou informações detalhadas sobre o uso do dinheiro arrecadado com multas de trânsito nos últimos dois anos. Ou seja: além de retirar os radares sem estudos, a prefeitura pode ter dificuldades para explicar como tem utilizado os recursos já obtidos com a fiscalização — valores que, por lei, devem ser investidos em educação no trânsito e segurança viária.

A gestão Flávia Moretti, que já enfrenta críticas pela condução da área de mobilidade urbana, agora terá de provar que sua decisão não representa um retrocesso perigoso. Sem transparência, sem planejamento e sem diálogo com a sociedade, retirar radares pode ser mais do que um erro técnico: pode configurar irresponsabilidade administrativa com impacto direto na vida da população.