Polícia
Casal se entrega após destruir sonho de mil formandos com golpe de R$ 7 milhões
Foram 24 horas de fuga após a operação policial que revelou um esquema cruel e calculado: um verdadeiro roubo de sonhos

O casal de empresários que protagonizou um dos maiores golpes da história recente em Mato Grosso, finalmente se entregou à polícia. Elisa Severino, 51, e Márcio Nascimento, 49, alvos da Operação Ilusion, se apresentaram nesta quarta-feira (21) — ela em Maringá (PR) e ele na Delegacia do Consumidor (Decon), em Cuiabá.
Foram 24 horas de fuga após a operação policial que revelou um esquema cruel e calculado: um verdadeiro roubo de sonhos. Mais de mil universitários, a maioria de cursos como medicina e odontologia, ficaram sem festa, sem colação, sem fotos — e com um rombo coletivo de R$ 7 milhões no bolso.
A Imagem Eventos, empresa do casal, fechou as portas sem aviso, logo após embolsar pagamentos antecipados de cerimônias luxuosas. E pior: um dia antes do sumiço, eles roubaram os cartões de memória com os registros das formaturas realizadas, como parte de um plano para vender o material por fora por meio de uma suposta empresa fantasma — o “Laboratório Brasil”.
“A audácia é inacreditável. Eles sabiam que iam fugir e continuaram fechando contratos, fazendo promoções e pedindo pagamento à vista”, revelou o delegado Rogério Ferreira.
Com turmas de medicina lesadas em até R$ 2 milhões cada, os prejuízos individuais também são enormes. Só um pacote fotográfico podia custar até R$ 30 mil. O impacto emocional? Incalculável.
“Minha filha esperou 6 anos por esse momento. Vendemos carro, fizemos vaquinha. E não temos nem uma foto pra guardar de lembrança”, desabafa o pai de uma vítima.
A polícia já apreendeu oito veículos e bloqueou contas ligadas ao casal, mas o caminho para ressarcir todas as vítimas ainda é incerto. Há expectativa de que mais bens sejam recuperados nos próximos dias.
O caso, tratado como um dos maiores escândalos do setor de eventos do país, expôs a vulnerabilidade de um mercado que movimenta milhões, mas carece de fiscalização.
Elisa e Márcio devem responder por estelionato, associação criminosa e fraude nas relações de consumo, com penas que podem ultrapassar 13 anos de prisão.
A Operação Ilusion continua, agora com foco na localização de recursos desviados e apoio psicológico às vítimas, que seguem em busca de justiça — e de alguma memória para guardar do dia que nunca aconteceu.