Política

Racha à vista: Júlio Campos desafia Mauro Mendes e escancara crise no União Brasil de MT

Júlio não apenas elevou o tom, como expôs um racha interno que há tempos se desenha nos bastidores do União Brasil

PEDRO RIBEIRO/DA EDITORIA 21/05/2025
Racha à vista: Júlio Campos desafia Mauro Mendes e escancara crise no União Brasil de MT
Júlio lançou o desafio: ou Mauro apoia a sigla e seu projeto próprio, ou que deixe o partido | Marcos Lopes

A política de Mato Grosso entrou em ebulição com as declarações diretas e incisivas do deputado estadual Júlio Campos (União Brasil).

Ao afirmar que o governador Mauro Mendes “terá que sair do partido” caso insista em apoiar o vice-governador Otaviano Pivetta (Republicanos) para a sucessão de 2026, Júlio não apenas elevou o tom, como expôs um racha interno que há tempos se desenha nos bastidores do União Brasil.

A mensagem é clara: o União quer protagonismo, e isso não passa por apoiar um nome de fora. Júlio fala com autoridade, amparado por um histórico político robusto e pela influência do irmão, senador Jayme Campos — este, inclusive, já lançado como pré-candidato ao governo e citado como nome forte nas pesquisas.

A fala não é isolada. Ela reflete o incômodo crescente da ala “raiz” do partido com o que consideram uma condução personalista e inerte de Mauro Mendes, que preside o União no estado. Júlio critica abertamente a “paralisia” da sigla, a falta de reuniões e a ausência de um projeto claro para a chapa legislativa de 2026. E tem razão: enquanto outras legendas já ensaiam movimentações e alianças, o União Brasil de Mato Grosso parece estagnado, esperando ordens do topo.

A criação da federação com o PP — a chamada União Progressista (UP) — parece não ter surtido efeito prático. Pelo contrário, tornou ainda mais urgente a definição de estratégias, nomes e rumos. E é nesse vácuo de articulação que os Campos voltam à cena, articulando candidaturas e tentando reerguer o protagonismo de uma legenda que, apesar da estrutura, patina no debate eleitoral.

Júlio lançou o desafio: ou Mauro apoia a sigla e seu projeto próprio, ou que deixe o partido. A bola está com o governador. Sua escolha terá impacto direto no equilíbrio de forças rumo a 2026. Se sair, leva consigo boa parte da estrutura política e administrativa do estado. Se ficar, terá que enfrentar a pressão de um grupo cada vez mais impaciente e articulado internamente.

Mais do que uma disputa de nomes, está em jogo o controle de uma das maiores máquinas partidárias de Mato Grosso. E, por trás dela, o comando do tabuleiro político estadual nos próximos anos.