Política

10 federais e 30 estaduais: Mato Grosso vira máquina de gerar políticos

Os 6 novos parlamentares em Mato Grosso representam um acréscimo de mais de R$ 10 milhões por ano

PEDRO RIBEIRO/DA EDITORIA/COM CÂMARA DOS DEPUTADOS 26/06/2025
10 federais e 30 estaduais: Mato Grosso vira máquina de gerar políticos
O crescimento da Assembleia Legislativa ocorre por arrasto, já que a Constituição prevê até três deputados estaduais para cada federal eleito | Assembleia Legislativa de MT

A partir de 2027, Mato Grosso terá uma das maiores bancadas de sua história: 10 deputados federais e 30 estaduais. O aumento, aprovado pelo Congresso Nacional com base no Censo de 2022, segue uma determinação do STF para readequar a representação proporcional dos estados. Embora seja legal, a decisão é vista como moralmente questionável e financeiramente desastrosa.

Ao invés de redistribuir as cadeiras já existentes entre os estados — como seria o caminho mais equilibrado —, o Congresso escolheu aumentar o número total de deputados federais de 513 para 531, evitando desgastes políticos e inflando ainda mais a máquina pública.

Só o aumento federal custará R$ 64,6 milhões por ano, segundo a Câmara. Parlamentares da oposição alertam que os custos totais, somando verbas de gabinete, cotas parlamentares, passagens e benefícios, podem ultrapassar R$ 150 milhões anuais.

No plano estadual, o impacto também é bilionário ao longo do tempo. Com cada deputado estadual custando mais de R$ 150 mil por mês, os 6 novos parlamentares em Mato Grosso representam um acréscimo de mais de R$ 10 milhões por ano, sem contar estrutura física, cargos comissionados e assessorias.

Tudo isso sem qualquer garantia de que a representação parlamentar será mais eficiente ou próxima da população.

O crescimento da Assembleia Legislativa ocorre por arrasto, já que a Constituição prevê até três deputados estaduais para cada federal eleito.

O Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE) classificou o aumento como “imoral, desnecessário e um deboche com o cidadão”. O cientista político Juan Carlos Arruda foi direto: “Isso não é mais representatividade, é uma máquina de gerar cargos para partidos políticos”.

Levantamentos mostram que 76% da população é contra o aumento de deputados. A rejeição é alta principalmente entre jovens, trabalhadores e moradores de regiões com serviços públicos precários.

Embora a ampliação das cadeiras cumpra a Constituição e a ordem do STF, a escolha do Congresso em aumentar o total de parlamentares ao invés de redistribuí-los é duramente criticada.

Mato Grosso ganhará mais políticos. Mas o povo não ganhará mais saúde, mais educação nem mais segurança. Apenas mais gastos — e mais privilégios para poucos.