Política
Assembleia reage a relatório da CGE e deputados detonam Polícia Civil por vazamento e criação de provas
A tensão explodiu durante a audiência pública que ouviu o controlador-geral do Estado, Paulo Farias, convocado para explicar relatórios da Controladoria-Geral do Estado (CGE)

A crise entre a Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT) e a Polícia Civil ganhou contornos de guerra institucional na quinta-feira,26, após deputados acusarem a Delegacia de Combate à Corrupção (Deccor) de “fabricar provas”, “expor inocentes” e “vazar dados mentirosos” à imprensa sobre um suposto esquema com emendas parlamentares.
A tensão explodiu durante a audiência pública que ouviu o controlador-geral do Estado, Paulo Farias, convocado para explicar relatórios da Controladoria-Geral do Estado (CGE) utilizados como base para um inquérito policial sigiloso que cita 14 deputados estaduais. Farias foi enfático ao afirmar: “A CGE não investiga deputados, nem cita emendas parlamentares.”
Segundo ele, os documentos auditam apenas a aplicação de recursos por Organizações da Sociedade Civil (OSCs), sem qualquer menção a nomes de parlamentares ou valores de emendas. A Polícia Civil, no entanto, usou o relatório para embasar uma investigação que se transformou em escândalo político.
“Criaram uma emenda de R$ 10 milhões que nunca existiu. Disseram que eu destinei 25 mil kits que nunca foram comprados. Isso é difamação com selo oficial!”, disparou o deputado Carlos Avallone (PSDB), um dos citados no inquérito da Deccor.
O parlamentar exigiu que o presidente da Assembleia, Max Russi, oficie o governador Mauro Mendes (União Brasil) pedindo apuração imediata sobre o vazamento do relatório da Deccor à imprensa, que está protegido por segredo de justiça.
“Isso não é democracia, é autoritarismo institucional. Vazar mentira para destruir reputações é crime grave. Alguém está usando a estrutura do Estado para atacar o Parlamento”, denunciou Avallone.
Russi concordou com a gravidade e prometeu enviar o ofício ao Executivo, cobrando investigação da delegacia. Para os deputados, a Polícia Civil extrapolou suas funções ao manipular relatórios técnicos e construir uma narrativa de corrupção contra a ALMT.
A crise se agravou quando o deputado Wilson Santos (PSDB) acusou a CGE e a Polícia Civil de violarem a privacidade dos parlamentares. “A CGE diz que não investiga deputados, mas vasculhou nossas redes sociais! Só do Botelho pegaram mais de 100 fotos. Para quê isso? Estão nos espionando?”, questionou Wilson, cobrando também a convocação da delegada responsável pelo inquérito.
Segundo ele, houve uma tentativa orquestrada de criminalizar emendas legítimas e “condenar no tribunal da mídia o que sequer foi apurado judicialmente”.
O relatório da CGE que deu origem ao inquérito não cita qualquer nome de parlamentar, o que, segundo os deputados, prova que as informações que baseiam a investigação da Deccor foram “plantadas” para atingir alvos políticos.
O caso ganhou repercussão nacional após a deflagração da Operação Suserano, que menciona a existência de um suposto esquema de desvio de recursos via emendas parlamentares destinadas à compra de kits agrícolas.
Mas dentro da ALMT, o discurso é de revolta: não houve desvio, não houve superfaturamento, não houve fraude. Houve perseguição política, dizem parlamentares em off.
“O que vimos foi um relatório técnico da CGE, mas um inquérito que ganhou uma narrativa mentirosa, com valores forjados, nomes inventados e uma exposição criminosa. Isso não é justiça, é perseguição”, concluiu Avallone.
Nos bastidores, há articulação para convocar a delegada responsável e instalar uma comissão para apurar a atuação da Deccor. Há também parlamentares defendendo o acionamento do Ministério Público e da Corregedoria-Geral da Polícia Civil.
Enquanto isso, a imagem da Assembleia está arranhada, a Polícia Civil silencia sobre o vazamento e a tensão entre os Poderes cresce a cada dia.