Política
Bolsonaro contesta delação, nega golpe e diz ter ordenado transição
Defesa de ex-presidente alegou cerceamento de defesa e pediu anulação de delação de Mauro Cid

A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) negou as acusações da PGR (Procuradoria-Geral da República) e pediu para que ele seja absolvido na ação do plano de golpe em alegações finais encaminhadas ao STF (Supremo Tribunal Federal) nesta quarta-feira (13).
Nas alegações, a defesa do ex-presidente pediu a anulação da delação do tenente-coronel Mauro Cid, reconhecimento do cerceamento de defesa, absolvição e, caso seja condenado, tenha afastado os agravantes nos crimes.
O documento tem 197 páginas e é assinado pelo advogado Celso Vilardi e outros cinco defensores.
Segundo os advogados, não existem provas que relacionem o ex-presidente ao plano "Punhal Verde e Amarelo" ou aos atos dos kids pretos, da tropa de elite do Exército, nem aos atos de 8 de janeiro de 2023.
"Os invasores de 08 de janeiro, por essa narrativa, precisam de um chefe. De um líder. Nem a parcial Polícia Federal enxergou essa liderança. Nenhum dos réus afirmou a existência da liderança do ora peticionário [Bolsonaro], mas a acusação está posta", frisam.
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"Demonstrou-se que os atos imputados na denúncia jamais poderiam ser qualificados como criminosos, seja porque expressamente excluídos do âmbito de incidência penal pelo legislador, seja porque, ainda que adotada a lógica da denúncia, os atos se revelariam, quando muito, como atos preparatórios", sustentam os advogados.
Bolsonaro está desde o dia 4 de agosto em prisão domiciliar. Ele é acusado pela PGR de ser o líder do plano de tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.
O ex-presidente integra o chamado núcleo 1, considerado o grupo principal pela PGR na trama golpista.
A etapa processual de apresentação das alegações finais é a última antes do relator, ministro Alexandre de Moraes, concluir seu parecer e voto para disponibilizar o caso para julgamento na Primeira Turma do STF.
A denúncia da PGR acusa o ex-presidente pelos crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça contra o patrimônio da União, e com considerável prejuízo para a vítima e deterioração de patrimônio tombado.