Brasil
"Tribunal do CV": quem são faccionados que torturam moradores da Penha (RJ)
"Doca" seria o comandante de cadeia hierárquica que teria participação de criminosos conhecidos como "BMW", "Gardenal" e Bafo", segundo o MPRJ
 
								O chamado "tribunal do tráfico" é uma das partes que compõem a denúncia apresentada pelo MPRJ (Ministério Público do Rio de Janeiro), que detalha o funcionamento do CV (Comando Vermelho) no Complexo da Penha.
A investigação foi usada como ponto de partida para a megaoperação de terça-feira (28), que resultou na morte de 121 pessoas no Rio de Janeiro.
De acordo com o MP, a "ala" da facção teria como líder hierárquico "Doca", além de contar com a participação de criminosos conhecidos como "BMW", "Gardenal" e Bafo". Os comandados da liderança seriam responsáveis por "julgamentos" e torturas de moradores e opositores. O objetivo das ações violentas fazem parte de uma estratégia para manter o controle territorial da Penha.
Leia também
MEGAOPERAÇÃO CONTRA O CV Megaoperação contra Comando Vermelho no Rio tem 64 mortos e 81 presos: o que se sabe até agora MEGAOPERAÇÃO CONTRA O CV Polícia prende braço direito de Doca, líder do CV MEGAOPERAÇÃO CONTRA O CV AGU barrou pedido de blindados ao Rio sem decretação de GLO MEGAOPERAÇÃO CONTRA O CV Forças Armadas negaram 3 pedidos para apoio de blindados ao RJ, diz Castro MEGAOPERAÇÃO CONTRA O CV Secretário diz que polícia vai apurar fraude processual por remoção de corpos após megaoperação e cita 'milagre' de camuflagem retirada MEGAOPERAÇÃO CONTRA O CV Veja imagens do dia seguinte à megaoperação no Rio de Janeiro, considerada a mais letal da história MEGAOPERAÇÃO CONTRA O CV Como Comando Vermelho surgiu e se espalhou pelo Brasil MEGAOPERAÇÃO CONTRA O CV Castro e Lewandowski falam em "mesmo objetivo" e anunciam cooperação no RJ MEGAOPERAÇÃO CONTRA O CV 'Vi corpo sem cabeça, corpos totalmente desfigurados': o fotógrafo que acompanhou por 24 horas a operação policial que deixou 121 mortos no Rio MEGAOPERAÇÃO CONTRA O CV O que se sabe e o que falta esclarecer sobre a megaoperação nos complexos do Alemão e Penha MEGAOPERAÇÃO CONTRA O CV O que muda após Lula sancionar lei que endurece combate ao crime organizado MEGAOPERAÇÃO CONTRA O CV Porsche, ordens de tortura e 'favor' para major da PM: o retrato do CV na denúncia que embasou operação no RioQuem é quem no "Tribunal do CV"
"Doca" ou "Urso"
Segundo o MP, a liderança máxima do CV no Complexo da Penha, Edgar Alves de Andrade, vulgo “Doca” ou “Urso”, é quem dá ordens para que as torturas aconteçam.

A denúncia mostra que ele utiliza grupos de WhatsApp para emitir os comandos, gerenciar o tráfico e determinar a execução de indivíduos que contrariem seus interesses.
A dupla "BMW" e "Gadernal"
Como um dos "linhas de frente" do "Tribunal do CV" está Juan Breno Malta Ramos Rodrigues, conhecido no mundo do crime como "BMW". Mesmo abaixo de "Doca", ele também é apontado como uma liderança da facção.
De acordo com a denúncia do MP, "BMW" é quem orienta a prática de punições e torturas contra moradores da Penha.

Ao lado dele está Carlos da Costa Neves, vulgo "Gadernal". A dupla é acusada de constranger pessoas arrastando-as amarradas e sem roupa por uma via pública, causando intenso sofrimento físico para obter declaração de interesse da facção.

Em vídeos anexos ao processo do MP, "BMW" chegou a fazer piada do sofrimento da vítima. Ele e "Gadernal" estariam em uma chamada de vídeo durante a ação violenta.
Em outro registro apresentado na denúncia do MPRJ, os faccionados conversam sobre a tortura de uma mulher classificada como "brigona".
Eles estabelecem que ela seja introduzida em uma banheira de gelo, como forma de punição após desentendimentos em um baile funk, na comunidade carioca. Uma foto da vítima foi postada com a legenda: "Paizão não quer bater em morador, aí a melhor forma será essa".
O escrito está acompanhado de emojis, um deles o do animal urso.
"Bafo"
Outro soldado do "Tribunal do CV" seria Fagner Campos Marinho, conhecido como “Bafo”.

O homem também foi denunciado por agredir e torturar uma vítima. Em determinado momento das agressões, ele questiona se o indivíduo "quer morrer logo".
A vítima agoniza e pede para que o criminoso encerre o ciclo de agressões, o que culmina na morte dele.
