Cotidiano

MPF abre investigação para apurar queimada que já atingiu quase 219 mil hectares em terra indígena em MT

29/08/2019

O Ministério Público Federal (MPF) em Barra do Garças, a 516 km de Cuiabá, instaurou procedimento com o objetivo de apurar as queimadas registradas no interior da Terra Indígena (TI) Areões, da etnia Xavante, situada em Nova Nazaré, a 800 km da capital.

De acordo com o procurador da República Everton Pereira Aguiar, a instauração do procedimento foi motivada a partir de informações sobre a ocorrência de queimadas de grandes proporções na referida TI, a qual possui um território de 219 mil hectares.

Diante disso, o MPF determinou a requisição de informações à Polícia Federal e ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), bem como de dados detalhados ao Instituto Nacional de Pesquisas Especiais (Inpe).

Conforme o MPF, assim que receber informações necessárias vai iniciar a apuração dos fatos e tomar providências.

PF foi a acampamento de criminosos

Nesta quarta-feira (28), agentes da PF foram à terra indígena e encontraram acampamentos recém-abandonados. Os locais eram usados como abrigo por criminosos que caçam ilegalmente e extraem madeira na região.

Segundo a PF, quando os agentes chegaram ao local, não havia mais ninguém, o que levantou a hipótese de vazamento de informação.

Os acampamentos foram destruídos pelos policiais e servidores do Ibama. Até a última atualização desta reportagem, ninguém havia sido preso.

Base na terra indígena

Para a Fundação Nacional do Índio (Funai), uma das iniciativas que poderiam ajudar na prevenção de incêndios na terra indígena seria a instalação, lá dentro, de uma base do Prev Fogo (órgão ligado ao Ibama que atua em casos de queimadas).

Nesse projeto, que é feito em parceria entre a Funai e o Ibama, os índios são treinados para o combate a incêndios.

"Esse trabalho já é feito em outros territórios indígenas e é importantíssimo. Mas é preciso recurso financeiro e estamos aguardando resposta do Ibama", explica Jailton Alves Brito, coordenador regional da Funai em Ribeirão Cascalheira, a 893 km de Cuiabá, que é responsável pela terra indígena Areões.

Nos meses anteriores ao período crítico de seca, os índios, sob orientação do Ibama, fazem aceiros – que consistem na limpeza no entorno das casas e plantações – para evitar a propagação das chamas, caso o incêndio se aproxime.

Problemas de saúde

A coordenadora distrital de Saúde Indígena da etnia Xavante Luciene Cândida Gomes afirmou que houve aumento do número de casos de doenças respiratórias entre indígenas da região nesse período.

"Antes, tínhamos uma média de 10 a 70 casos por mês, e agora tivemos 1,5 mil atendimentos por mês, em junho e julho, e agosto seguiu da mesma forma. Temos situações que agravaram para pneumonia", explicou.

Segundo ela, os indígenas são atendidos em postos de saúde nas próprias aldeias e têm acompanhamento. Em casos mais graves, os pacientes são levados a hospitais de cidades próximas.