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Violência em protestos no sul do Iraque deixa mortos

24/11/2019

Violência entre forças de segurança e manifestantes no sul do Iraque deixou ao menos 13 mortos e 150 feridos neste domingo (24), um dos dias mais tensos desde o início da onda de protestos contra o governo do país.

Com isso, o número de mortos desde o início dos protestos no Iraque, em 1º de outubro, sobe para 342, segundo a agência Associated Press. Manifestantes dizem protestar contra corrupção e as más condições dos serviços públicos do país, e querem a saída do primeiro-ministro Adil Abdul-Mahdi

Dos mortos, sete estavam na província de Basra. Fontes disseram à agência AP que forças de segurança dispararam com armas de fogo contra os manifestantes no local.

Os tumultos violentos ocorrem um dia depois da visita ao Iraque, de surpresa, do vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence. O norte-americano limitou a viagem ao norte do país para reafirmar o apoio aos curdos que lutam contra o Estado Islâmico na região, mas telefonou para o premiê Abdul-Mahdi e advertiu contra a influência do Irã, inimigo dos EUA, na política iraquiana — a aproximação de Teerã com Bagdá é um dos motivos das manifestações.

Região de petróleo

A região sul do Iraque, onde ocorreram os protestos violentos deste domingo, é a principal área produtora de petróleo do país. Em Basra, cidade que responde por cerca de 85% da produção iraquana de petróleo cru, manifestantes queimaram pneus e bloquearam vias de acesso.

Durante a semana, houve também bloqueios às estradas que levam a Umm Qasr, principal porto para o comércio de petróleo iraquiano. Forças de segurança conseguiram liberar os acessos na quinta-feira.

Problemas econômicos

Os manifestantes exigem empregos para os jovens — um em cada quatro desempregado — e uma melhoria nas condições de vida de 20% da população que vive abaixo da linha da pobreza.

O governo propõe apenas reformas limitadas: uma nova lei eleitoral que patina no Parlamento e uma remodelação parcial do gabinete anunciada há semanas, mas que só serviria para se livrar de alguns sem mudar a face do poder, de acordo com especialistas.

O primeiro-ministro Adel Abdel-Mahdi disse que a prioridade agora era a votação do orçamento para 2020. Baseando-se quase inteiramente nas receitas do petróleo, esse orçamento é há anos o principal garantidor da paz social em um país devorado pelo clientelismo.

Mas com um terço do orçamento de US$ 111 bilhões em 2019 destinado aos salários dos funcionários públicos, os economistas dizem que o de 2020 deverá explodir, porque o governo anunciou milhares de contratações para tentar conter a contestação.