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O quase impossível distanciamento nas casas de 30 metros quadrados em Hong Kong

26/04/2020
Antes da pandemia, Lum Chai costumava ir ao parque e beber com os amigos para fugir de seu minúsculo lar. Agora, o homem de 45 anos caminha pelas ruas da cidade sozinho para passar o tempo e se manter distante dos vizinhos.   Praticar o distanciamento social em casa não é uma opção para Lum. Ele mora em uma das chamadas “casas gaiola”, apartamentos subdivididos que costumam ter espaço para apenas uma cama e algumas roupas. O vizinho mais próximo de Lum está a poucos metros, dentro da mesma sala.   Esses pequenos apartamentos têm, no máximo, 30 metros quadrados, cerca de 7,5 metros quadrados a mais que as celas de prisão de Hong Kong. Os banheiros são compartilhados e normalmente não há cozinhas, apenas placas de aquecimento. As unidades são divididas por paredes improvisadas ou removíveis.   Lum, que está desempregado, disse que paga 1,8 mil dólares locais (232 dólares norte-americanos) por um apartamento que abriga dez pessoas.   A situação dele é extrema, mas não incomum. Nove em cada dez habitantes de Hong Kong moram em espaços com menos de 70 metros quadrados - e ainda pagam alguns dos aluguéis e valores de imóveis mais caros do mundo.   O custo médio de uma residência em Hong Kong era de mais de 1,2 milhão de dólares norte-americanos em 2019, segundo a empresa de investimentos imobiliários CBRE.   Para piorar, muitos locais públicos estão fechados devido às medidas de restrição impostas para controlar a disseminação do novo coronavírus. Bibliotecas estão fechadas, restaurantes reduziram a capacidade de atendimento e os bares foram obrigados a fechar, a menos que sirvam comida.   Apesar de ter casos de COVID-19 desde janeiro, Hong Kong registra hoje menos de 1.050 pacientes infectados e apenas 4 mortes. Assim, são poucos os cidadãos que discordam das restrições. Mas isso não torna a situação mais fácil, principalmente para aqueles como Lum, que não conseguem ficar isolados em casa.   “Estou tão sozinho”, afirmou ele. “Não existe mais aquela atmosfera nas ruas como havia antes. Poucas pessoas vão aos parques. Elas costumavam ir para ver as crianças brincarem ou os idosos jogarem badminton.”