Mundo
Macron impõe toque de recolher em Paris e outras oito cidades para tentar conter contágios do novo coronavírus
Medida entrará em vigor no sábado e será aplicada durante pelo menos um mês entre às nove da noite e às seis da manhã
As cidades com toque de recolher —além de Paris e a região metropolitana de Île-de-France— são Grenoble, Lille, Lyon, a metrópole de Marselha e Aix-en-Provence, Rouen, Saint-Étienne, Toulouse e Montpellier. Essas cidades correspondem às chamadas “zonas de alerta máximo”, com mais de 250 casos por 100.000 habitantes, mais de 100 casos por 100.000 habitantes de pessoas com mais de 65 anos e 30% de pacientes por covid-19 na UTI. No total, a medida afetará entre 18 e 20 milhões dos 67 que moram na França. Quem circular nas horas proibidas sem uma justificativa pagará uma multa de 135 euros (880 reais), e 1.500 (9.700 reais) no caso de reincidência. Nas reuniões privadas e refeições em restaurante em horas prévias ao toque de recolher, será permitido a participação máxima de seis pessoas.
O presidente garantiu ajuda econômica aos setores afetados, um prolongamento do chamado seguro desemprego parcial e novos empréstimos garantidos às empresas. Como aconteceu no confinamento de março, se trata de evitar quebras de empresas como consequência das medidas impostas pelo Estado. Existem antecedentes de toques de recolher, no departamento ultramarino da Guiana, na cidade de Mulhouse —que foi em fevereiro um dos núcleos da pandemia— e em outros municípios durante o confinamento do primeiro semestre.
756.472 casos e 32.933 mortes
As medidas de restrição são a constatação de um fracasso. O sistema de testes massivos e de rastreamento —por meio de um aplicativo de celular que poucos franceses baixaram, e de equipes de rastreadores humanos— não funcionou. Como em outros países, o número de casos diários é elevado. Nas últimas 24 horas, eram 12.993. No mesmo período morreram 87 pessoas. Desde o começo da pandemia, a França acumula 756.472 casos e 32.933 mortes. Agora por volta de 1.700 pessoas estão internadas nas UTI, com uma capacidade nacional de cinco mil leitos.
O temor da autoridades, e o motivo principal das restrições anunciadas por Macron, é que, nesse ritmo, o sistema hospitalar volte a se aproximar do colapso, como aconteceu no primeiro semestre.
Após o fim do confinamento em junho e de um verão em que se fomentou a mobilidade e o retorno à vida cotidiana, em setembro começaram a soar os alarmes pelo aumento das infecções. O Governo considerava que, após semanas de medidas parciais e mensagens titubeantes, era o momento de enviar um sinal de firmeza.
Os anúncios chegam um dia depois de que um grupo de especialistas designado por Macron apresentou as conclusões provisórias de seu relatório sobre a gestão da crise por parte do Governo. O documento assinala “manifestações falhas de antecipação, de preparação e de gestão”, mas também constata que, em relação à mortalidade, a França está em uma posição intermediária em comparação a outros países europeus.