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Congresso é invadido por ato pró-Trump em sessão que confirmaria Biden
O Capitólio dos EUA, como é conhecido o Congresso americano, foi invadido por manifestantes apoiadores de Donald Trump durante a sessão que certificaria Joe Biden como presidente
06/01/2021
Ameaça de bomba Minutos antes da invasão, dois prédios do Capitólio foram evacuados por uma suposta ameaça de bomba. Informações da Fox News indicam que a polícia encontrou vários pacotes suspeitos em volta do Cannon House Office e da Madison Library of Congress Building, e agiu para esvaziar os prédios e escritórios vizinhos O vice-presidente Mike Pence, que participava da sessão para certificar Joe Biden, foi evacuado do prédio. Nas redes sociais, Pence declarou que a violência e a destruição ao Capitólio "devem parar agora".
A prefeita de Washington, Muriel Bowser, decretou toque de recolher a partir das 18h (hora local, 20h em Brasília) na cidade, válido até as 18h de amanhã.
Biden: Insurreição O presidente eleito Joe Biden foi em rede nacional pedir para que Trump se posicionasse sobre o episódio que chamou de "insurreição". "As palavras de um presidente importam, não importa o quão bom ou mau ele seja. Na melhor das hipóteses, as palavras de um presidente podem inspirar. Na pior das hipóteses, eles podem incitar", afirmou.
"A esta hora, nossa democracia está sob ataque sem precedentes. Diferente de tudo que vimos nos tempos modernos. Um ataque à cidadela da liberdade, o próprio Capitólio. Um ataque aos representantes do povo e à polícia do Capitólio, que jurou protegê-los. E os funcionários públicos que trabalham no coração de nossa República."
Policiais sacam armas dentro do Capitólio
Depois que manifestantes pró-Trump invadiram o Congresso americano, policiais se posicionaram perto da entrada da Câmara, apontando armas em direção à porta. Imagens da cena mostram que uma escrivaninha foi pressionada contra a porta para impedir a entrada de manifestantes. Bombas de gás também foram atiradas por policiais para dispersar a multidão que invadiu o Congresso.
Mais cedo, em discurso em frente à Casa Branca, o presidente Donald Trump pediu a seus seguidores que se manifestassem contra a certificação da vitória de Joe Biden nas eleições de 3 de novembro. Com a invasão ao Congresso e o confronto com a polícia, Trump escreveu nas redes sociais que apoiadores não deveriam confrontar autoridades.
O filho do presidente, Donald Trump Jr., também usou as redes sociais para pedir protestos "pacíficos". "Use seus direitos da 1ª Emenda, mas não comece a agir como o outro lado. Temos um país a salvar e isso não ajuda ninguém", escreveu.
Marcha de Trump a apoiadores
Desde 7 de novembro, quando Biden foi projetado o novo presidente do país, Trump rejeita o resultado e utilizou de todos os recursos legais para reverter o resultado. Levou a eleição para a Justiça mais de 60 vezes, acusando a existência de fraude. Perdeu em todas. A Geórgia, antigo reduto republicano, se tornou o campo de batalha mais dramático das eleições. Dois meses depois do pleito, a imprensa americana revelou que Trump tentou ligar ao menos 18 vezes para o secretário de estado da Geórgia na intenção de pressionar a "encontrar votos". Sua última tentativa de reverter a sua derrota era hoje, durante a sessão conjunta.
Ele esperava que seu vice contestasse o resultado e até chegou a escrever nas redes sociais que ele poderia fazê-lo. A Constituição americana, no entanto, não permite esse movimento e a presença de Pence na sessão é apenas protocolar. Pence, porém, não seguiu as vontades do presidente e respeitou a Constituição americana, o que provou a fúria de Trump. Ele se reuniu hoje com apoiadores negando a derrota nas eleições americanas e afirmando que a luta para questionar o resultado eleitoral está só começando, apesar de sua candidatura já ter sofrido derrotas em todos os estados que deram a vitória a Biden. "Hoje não é o fim, é apenas o começo...nossa luta contra os grandes donos, a grande mídia, está apenas começando. Precisamos parar o roubo, e nunca mais permitir que aconteça", disse. A marcha do presidente Trump reuniu centenas de apoiadores, que começaram a se encontrar ontem em Washington. Os manifestantes dizem estar respondendo ao apelo de Trump para se concentrarem na capital do país.
Golpe
Diversos parlamentares republicanos pediram pelas redes sociais que Trump dissesse para seus manifestantes pararem. Alguns deles chamaram a movimentação de golpe. Segundo a imprensa local, assessores também tentaram fazer com que o presidente se pronunciasse. "Quando você não conta a verdade às pessoas, acaba fazendo com que as pessoas acreditem nas conspirações e nas provas falsas, e você tem tempestades no Capitólio como a de hoje. Isso é absolutamente, totalmente desprezível, e cada líder republicano que grite isso com força tem que ser responsabilizado ", disse Adam Kinzinger em entrevista à CNN americana.
O ex-chefe de polícia da capital Washington também endossou a narrativa de golpe. "Ele [Trump] os incitou e pôs tudo em movimento. Isso é o mais próximo de uma tentativa de golpe que este país já viu. É para isso que vocês estão olhando, pessoal, é isso que vocês estão olhando e é absolutamente ridículo, absolutamente ridículo, e muitas pessoas são responsáveis". Até mesmo o republicano Ted Cruz, do Texas, pediu que os manifestantes "parassem AGORA". Cruz é apoiador de Trump e foi um dos senadores que prometeu fazer objeções na sessão conjunta de hoje. "Aqueles que estão atacando o Capitol precisam parar AGORA. A Constituição protege o protesto pacífico, mas a violência - da esquerda ou da direita - é SEMPRE errada. E aqueles que estão envolvidos na violência estão prejudicando a causa que dizem apoiar."
Outro apoiador de Trump, o veterano Mike Gallagher, também apelou ao presidente: Não vi nada parecido desde que fui para o Iraque em 2007 e 2008", disse à CNN. "O presidente precisa cancelar... Cancelar. Acabou. A eleição acabou. E os opositores precisam parar de se intrometer com as forças primordiais de nossa democracia aqui". No fim da tarde, a secretária de imprensa da Casa Branca informou que, a pedido de Trump, a Guarda Nacional foi chamada para responder aos protestos.
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