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Inflação argentina cai pela metade em maio e tem menor índice desde janeiro de 2022
Variação de preços sobe 4,2%, o quinto mês seguido de retração; soma em 12 meses desacelera para 276,4%
A inflação na Argentina caiu pela metade de abril para maio, atingindo alta de 4,2%, segundo dados do Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (INDEC, na sigla em espanhol) publicados nesta quinta-feira (13). Em abril, o índice havia subido 8,8%.
Este é o índice mais baixo desde janeiro de 2022, quando os aumentos de preço chegaram a 3,9%.
Foi o quinto mês seguido de retração dos preços após bater o pico de 25,5% em dezembro do ano passado.
A inflação acumulada dos últimos 12 meses chegou a 276,4% e a deste ano 71,9%.
No mês anterior, a soma em 12 meses havia atingido 289,4%.
Segundo o INDEC, o setor Comunicação (8,2%) teve a maior variação em maio. Na sequência aparecem Educação (7,6%), Bebidas Alcoólicas e Tabaco (6,7%) e Restaurantes e Hotéis (5,5%).
Luiz Caputo, ministro da Economia da Argentina, afirmou que o resultado aprofunda o processo de desinflação do país.
“A média trimestral móvel da variação do índice chegou ao nível mais baixo desde julho de 2023”, escreveu em seu perfil na rede social X.
Preços dispararam desde agosto
A desaceleração acontece sobre níveis elevados de preços, que dispararam desde agosto do ano passado – mês das eleições primárias do país – e chegaram ao ápice de aumentos em dezembro, quando o índice atingiu 25,5%.
Uma das disparadas que mais chamaram atenção foi a dos planos de saúde, cujo controle de preços foi eliminado pelo megadecreto de desregulação da economia, assinado por Javier Milei em dezembro.
Desde o fim do tabelamento, as prestadoras de saúde aumentaram as mensalidades em mais de 105% e foram criticadas pelo ministro da Economia por “declarar guerra à classe média”.
O governo estabeleceu que prestadores do serviço não poderiam reajustar mensalidades acima do índice de inflação oficial do país e, em negociação com Justiça, as empresas aceitaram devolver parte dos aumentos cobrados.
A queda do poder de compra da população é percebida pela queda da atividade: março registrou o quinto mês seguido de retração, com uma queda de 8,4% em relação a fevereiro.
De acordo com uma pesquisa do instituto Zurbán Córdoba realizada em maio, 41,4% dos entrevistados afirmam que chegam ao fim do mês com dificuldade, 41,2% dizem que não chegam e somente 16,5% respondem que conseguem economizar.
Apesar da dificuldade, segundo o estudo, o atual governo conta com 46,6% de aprovação e o sentimento mais citado pelos entrevistados quando questionados sobre o atual estado do país é “esperança”, com 29%.
Governo aprova mega projeto de lei no Senado
O resultado vem um dia depois de o Senado aprovar o megaprojeto de lei proposto por Javier Milei após horas de debate entre os parlamentares e confrontes entre manifestantes e policiais.
Agora, o texto volta à Câmara, que já havia aprovado uma versão anterior do projeto, pois houve alterações no Senado.
Ele dá poderes especiais para Milei governar por decreto em diversas áreas, permite a dissolução de organismos públicos e privatizações de estatais, altera leis trabalhistas e dá incentivos fiscais para empresas estrangeiras que queiram investir no país.
A “Lei de Bases e Pontos de Partida para a Liberdade dos Argentinos”, também conhecido como megaprojeto de lei, foi apresentado nos primeiros dias do governo de Javier Milei.
O documento original possuía 664 artigos. Depois de muita articulação política e debate, a Câmara aprovou um texto com 232 artigos, quase um terço do projeto original.
O pacote inclui diversas modificações e medidas, incluindo a declaração de “emergência pública em questões administrativas, econômicas, financeiras e energéticas pelo período de um ano”.
A medida daria a possibilidade ao Poder Executivo para legislar nessas áreas sem precisar passar pelo Congresso.
Entretanto, o governo teve que ceder novamente em relação a alguns pontos para que ele fosse analisado pelo Senado.
A Aerolíneas Argentinas, Radio y Televisión Argentina (RTA) e Correo Argentino foram excluídas das empresas públicas viáveis para privatização.