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A guerra em Gaza em mapas: como 2 anos de combates devastaram o território palestino
Quase toda a população foi forçada a se deslocar e a ONU afirma que a maior parte das casas foi danificada ou destruída.
Dois anos de combates devastaram a Faixa de Gaza.
A campanha de bombardeios e a invasão por terra de Israel mataram mais de 67 mil palestinos, segundo o Ministério da Saúde administrado pelo Hamas. Quase toda a população foi forçada a se deslocar e a ONU afirma que a maior parte das casas foi danificada ou destruída.
A ofensiva foi uma resposta ao ataque sem precedentes do Hamas no dia 7 de outubro de 2023, quando cerca de 1,2 mil pessoas foram mortas e outras 251 foram feitras reféns.
Israel afirma que está tentando destruir o exército e as capacidades de governança do grupo islâmico, que mantém como compromisso a destruição de Israel e controla a Faixa de Gaza desde 2007.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirma que Israel e o Hamas concordaram com a primeira fase do seu plano de paz para a Faixa de Gaza. Se adotado, o plano abriria o caminho para o fim da guerra, a libertação dos reféns israelenses e prisioneiros palestinos, a retirada das forças israelenses e a entrada de ajuda humanitária no território.
A Faixa de Gaza tem apenas 41 km de comprimento por 10 km de largura (cerca de um quarto do tamanho da cidade de Londres). Ela é rodeada por fronteiras fechadas com Israel e o Egito e, a oeste, pelo mar Mediterrâneo, onde Israel impõe um bloqueio. Nela, moram mais de 2 milhões de pessoas.

Estima-se que mais de 90% das casas tenham sido danificadas ou destruídas. A assistência médica, o abastecimento de água e os sistemas sanitários e de higiene entraram em colapso e especialistas ligados à ONU afirmam que existe fome na Cidade de Gaza.
Uma comissão de inquérito das Nações Unidas afirma que Israel cometeu genocídio contra os palestinos em Gaza, mas Israel rejeita o relatório da comissão, como sendo "distorcido e falso".
Este guia visual mostra como a Faixa de Gaza se tornou em grande parte inabitável.
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Inicialmente, a campanha israelense se concentrou no norte da Faixa de Gaza, onde, segundo Israel, os combatentes do Hamas estavam escondidos entre a população civil. O Hamas negou a acusação.

A cidade de Beit Hanoun, no norte de Gaza, a apenas 2 km da fronteira, foi uma das primeiras áreas atingidas pelos ataques israelenses. Ela sofreu graves danos.

Israel continuou a bombardear a Cidade de Gaza e outros centros urbanos ao norte e ordenou aos civis que se movessem para o sul do rio Wadi Gaza, antes de iniciar sua invasão terrestre, no final de outubro de 2023.
Mas Israel também lançou ataques aéreos contra as cidades do sul, para onde fugiam centenas de milhares de moradores do norte de Gaza. No fim de novembro, partes do sul do território estavam em ruínas, da mesma forma que boa parte do norte.

Israel intensificou o bombardeio do sul e do centro da Faixa de Gaza no início de dezembro, lançando em seguida uma ofensiva terrestre contra Khan Younis. Em janeiro de 2024, mais da metade das construções de Gaza haviam sido danificadas ou destruídas.

Na época da declaração de cessar-fogo em janeiro de 2025, quase 60% das construções da Faixa de Gaza haviam sido danificadas, com a Cidade de Gaza sofrendo a maior destruição. Mais de 46 mil palestinos haviam sido mortos, segundo o Ministério da Saúde do território.

A destruição continuou depois que Israel pôs fim ao cessar-fogo em março, incluindo em Rafah, no sul. A ONU estima que mais de 90% das unidades habitacionais em Gaza tenham sido danificadas durante a guerra.
Ao longo da guerra, o Hamas – considerado organização terrorista por Israel, pelo Reino Unido e por muitos outros países – e outros grupos armados aliados travaram intensas batalhas contra as forças israelenses em terra. Eles também dispararam milhares de mísseis em direção a Israel, especialmente nos primeiros meses da guerra.
Mas, em Gaza, distritos inteiros foram arrasados, hospitais e mesquitas foram destruídos e terras agrícolas, onde antes ficavam estufas, foram reduzidas a escombros pelos veículos pesados e tanques usados para demolição pelas tropas israelenses.
Israel afirma que o Hamas usa construções civis, como hospitais, para fins militares. O Hamas nega a acusação.

Antes da guerra, a maior parte dos 2,1 milhões de habitantes da Faixa de Gaza morava nas suas quatro cidades principais: Rafah e Khan Younis, no sul; Deir al-Balah, no centro; e a Cidade de Gaza.
Dez dias depois do 7 de outubro de 2023, as ofensivas de Israel haviam forçado quase a metade das pessoas a deixar suas casas, segundo a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados Palestinos (UNRWA, na sigla em inglês).
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Na época da declaração de cessar-fogo, 15 meses depois, estima-se que 1,9 milhão de pessoas tenham sido deslocadas internamente. Elas ainda não podem voltar para casa.

As famílias se mudaram diversas vezes, conforme Israel alterava o foco da sua operação. Inicialmente, as pessoas do norte eram orientadas a se mover para o sul do rio Wadi Gaza, que corta a Faixa mais ou menos pela metade. Posteriormente, veio a ordem para que as pessoas deixassem uma série de "zonas de evacuação" no sul.

Folhetos lançados pelo exército israelense alertavam as pessoas a sair, antes que começassem as operações militares na região. Mas nem todos os ataques israelenses são precedidos de avisos.
Getty ImagesMilhares de palestinos foram deslocados mais uma vez, quando Israel emitiu novas ordens de evacuação para a Cidade de Gaza em agostoAs áreas restritas aumentam

Desde que Israel encerrou o cessar-fogo, cada vez mais regiões da Faixa de Gaza foram designadas zonas de exclusão, onde existem restrições, ou sujeitas a ordens de deslocamento, que os moradores foram orientados a abandonar completamente.
Inicialmente, as ordens de evacuação cobriam duas áreas, nos distritos do Norte de Gaza e de Khan Younis, com uma zona de exclusão em vigor ao longo de toda a fronteira.
As agências humanitárias precisam coordenar as operações nas zonas de exclusão com as autoridades israelenses.
Israel também bloqueou a entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza no início de março, acusando o Hamas de confiscar as doações.

No início de abril, todas as padarias mantidas pela ONU em Gaza haviam sido fechadas. A maior parte das verduras tinha oferta muito limitada e os hospitais racionavam analgésicos e antibióticos.
A ONG ActionAid alertou que um "novo ciclo de fome e sede" estava surgindo.
O ministro da Defesa de Israel anunciou, em 16 de abril, que seu país estabeleceria áreas de segurança na Faixa de Gaza. O objetivo era criar uma zona "tampão" para proteger as comunidades israelenses, mesmo depois do fim da guerra. O Hamas defende que as forças israelenses devem se retirar de Gaza após o eventual cessar-fogo permanente.
Na época, as restrições israelenses atingiam quase 70% da Faixa de Gaza, incluindo a maior parte dos distritos do Norte de Gaza e da Cidade de Gaza, no norte, e todo o distrito de Rafah, no sul, segundo as Nações Unidas.

Em maio, Israel lançou uma ofensiva terrestre chamada Operação Carruagens de Gideão. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, anunciou que o objetivo seria garantir a libertação dos 48 reféns restantes (20 dos quais se acredita que estejam vivos) e "concluir a derrota" do grupo armado palestino.
Desde então, as áreas cobertas pelas ordens de deslocamento e outras restrições se ampliaram, passando a cobrir 82% da Faixa de Gaza, segundo a ONU.
A primeira fase da operação se concentrou em alvos em Rafah, Khan Younis e no norte de Gaza. Mas, em agosto, Israel anunciou planos de captura e ocupação de toda a Cidade de Gaza, chamada de "última fortaleza" do Hamas.
A cidade era a região mais densamente povoada do território antes da guerra, com 775 mil habitantes.

As pessoas que permaneciam ali receberam ordem de se mover para o sul, até al-Mawasi, no sudoeste da Faixa de Gaza, designada por Israel como "área humanitária". Mas Israel continuou a realizar ataques mortais na região, já considerada insegura e superpovoada pela ONU.
Centenas de milhares de moradores já fugiram da Cidade de Gaza, onde um organismo ligado às Nações Unidas confirmou a incidência de fome em agosto de 2025.
Mas outras centenas de milhares de pessoas permanecem ali. em graves condições humanitárias, com a assistência médica e outros serviços essenciais em colapso.
Em setembro de 2025, diversos países, incluindo o Reino Unido e a França, reconheceram formalmente o Estado palestino na ONU, para tentar pressionar Israel a pôr fim ao conflito. Israel descreveu a decisão como "prêmio ao terrorismo".
Cerca de 75% dos 193 Estados membros da ONU, agora, reconhecem formalmente a Palestina, incluindo quatro dos cinco membros do Conselho de Segurança.
Com isso, os Estados Unidos (maior aliado de Israel) ficam em minoria, mas a política externa do governo Donald Trump vem se inclinando profundamente a favor de Israel.
O presidente americano alertou o Hamas que o grupo enfrentaria sua "completa eliminação" se permanecesse no poder em Gaza. E, após dias de intensas negociações no Egito, o Hamas confirmou sua concordância com a primeira fase do acordo de paz proposto por Trump.
Benjamin Netanyahu chamou a decisão de "grande dia para Israel", que "traria todos os nossos queridos reféns para casa".
O Hamas declarou que o acordo "encerraria a guerra em Gaza", "garantiria a retirada completa" das forças israelenses, permitiria a entrada de ajuda humanitária e implementaria a troca dos reféns por palestinos mantidos em prisões israelenses.
Fontes de dados e imagens
Análise de danos com dados do satélite Copernicus Sentinel-1 por Corey Scher, do Centro de Graduação da City University de Nova York (CUNY) e Jamon Van Den Hoek, da Universidade Estadual de Oregon, nos Estados Unidos. Dados de mapas do OpenStreetMap. Dados sobre o deslocamento da população da UNRWA. Zonas de exclusão e de deslocamento do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (UN Ocha). Imagens de satélite da Planet Labs PLC e outras imagens da Getty e Reuters.