Polícia
Organização criminosa operava em 100 Prefeituras e Câmaras Municipais de MT e ‘surrupiaram’ R$ 1, 8 bilhão dos cofres públicos; Naco fará mais operações
O Naco revelou ainda que a identificação do esquema ocorreu após a análise de todos os processos licitatórios
A organização criminosa chefiada por Edézio Corrêa, estava enraizada em 100 Prefeituras e Câmaras Municipais de Mato Grosso e desviaram R$ 1,8 bilhão durante cinco anos.
A revelação é do Núcleo de Ações de Competência Originária(Naco) que realizou na manhã de quinta-feira, 07, na Prefeitura do município de Barão de Melgaço (121 KM de Cuiabá), a Operação Gomorra, contra corrupção na Prefeitura.
Segundo o Naco as investigações realizadas demonstram que as empresas Saga Comércio e Serviço Tecnologia e Informática Ltda, Centro América Frotas Ltda, Pantanal Gestão e Tecnologia Ltda e Pontual Comércio Serviços Terceirizações Ltda., todas com a participação de um mesmo núcleo familiar, já firmaram contratos com mais de 100 prefeituras e câmaras municipais.
Além de Edésio foram alvos da Operação Tayla Beatriz Silva Bueno Conceição, Roger Correa da Silva, Waldemar Gil Correa Barros, Eleide Maria Correa, Jânio Correa da Silva e Karoline Quatti Moura. Desse grupo, apenas Karoline Quatti não foi alvo de mandado de prisão.
A prefeita de Barão de Melgaço Margareth Gonçalves da Silva(PSD) também foi alvo do Naco e teve buscas e apreensões em sua residência e na sede da Prefeitura.
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O Naco revelou ainda que a identificação do esquema ocorreu após a análise de todos os processos licitatórios homologados pela Prefeitura de Barão de Melgaço com a empresa Centro América Frotas no período de 2020 até os dias atuais.
Foi verificado, durante a investigação, que outras empresas que haviam participado dos certames tinham como sócios pessoas do mesmo núcleo familiar do proprietário da empresa Centro América Frotas.
Além disso, algumas delas sequer possuem atividade empresarial em funcionamento.
A investigação revelou ainda que o sócio oculto das empresas investigadas, Edézio Correa, já havia sido denunciado pelo Ministério Público do Estado de Mato Grosso na Operação Sodoma, que apurou esquema de pagamento de propina da gestão do ex-governador Silval Barbosa.
A análise dos contratos, segundo o Naco, também demonstrou diferenças exorbitantes de valores em contratações semelhantes.
Em um dos casos, houve um aumento de mais de nove milhões em contratações realizadas nos anos de 2021 e 2022.
Fontes do Núcleo de Ações de Competência Originária(Naco)revelaram ao Página 12 que serão realizadas novas Operações em diferentes municípios e que serão deferidas pelo Nipo(Núcleo de Inquéritos Policiais) de Cuiabá, para responsabilizar os culpados pelas corrupção nas Prefeituras e Câmaras Municipais.
O Núcleo de Ações de Competência Originária (Naco), grupo operacional permanente formado pelo Ministério Público de Mato Grosso e Polícia Civil.
Nome da operação
Gomorra remete à operação Sodoma, que foi deflagrada em Mato Grosso no ano de 2015, na gestão do ex-governador Silval Barbosa, para desmantelar a existência de uma organização criminosa envolvida em fraudes licitatórias e recebimento de vantagens indevidas.
Um dos denunciados na ocasião voltou a ser investigado.
Sodoma e Gomorra eram duas cidades bíblicas que representavam o pecado, como a devassidão e o ateísmo. O Antigo Testamento relata que ambas foram destruídas por Deus com fogo e enxofre do céu.