Polícia
Padrasto assassino alega que matou adolescente a mando da mãe por ela ser homossexual; família repudia versão
A declaração foi feita na manhã de quinta-feira (24), quando Benedito era conduzido pela polícia

O assassinato de Heloysa Maria Alencastro de Souza, de apenas 16 anos, ganhou novos contornos de horror e revolta após a prisão de Benedito Anunciação Santana, 40 anos, padrasto da vítima. Preso e apontado como mentor e executor do crime, ele declarou que agiu sob ordens da mãe da adolescente, Suellen Alencastro, que, segundo ele, “não aceitava” que a filha era homossexual.

A declaração foi feita na manhã de quinta-feira (24), quando Benedito era conduzido pela polícia. Em frente às câmeras, ele tentou justificar sua participação no crime transferindo a responsabilidade para a mãe da jovem:
“Suellen, você precisa assumir o que você pediu. Porque você não aceitava que sua filha gostava de mulher e todo mundo sabe, inclusive seus vizinhos. Não estou falando que ela é culpada, mas ela sabe o que me pediu para fazer. Eu não pedi para matar a filha dela”, afirmou.
A família de Heloysa reagiu com veemência às declarações. Por meio da advogada Renata Cristaldo, os parentes repudiaram a tentativa do réu de “manchar a memória da vítima e vilipendiar a honra da mãe”.
“É inadmissível que, após tirar de forma covarde e violenta a vida de uma jovem inocente, o réu tente ainda ferir moralmente a memória de Heloysa e de sua mãe com acusações infundadas e manifestamente caluniosas”, disse a defensora em nota oficial.
As investigações revelam que Benedito Anunciação não só tramou, como participou diretamente do assassinato. Ele buscou o filho, Gustavo Benedito, 18 anos, e outros dois adolescentes de 16 e 17 anos, e os levou até a casa da vítima usando seu próprio veículo, um Fiat Toro. As imagens de câmeras de segurança derrubaram a tentativa do suspeito de culpar o ex-marido de Suellen, ao mostrar que apenas o carro de Benedito entrou na casa no dia do crime.
Durante o crime, Suellen Alencastro também foi encontrada ferida e levada para a UPA do Leblon, acompanhada do próprio Benedito, que acabou preso no local. O corpo de Heloysa foi localizado horas depois, em um poço, com sinais de tortura: mãos e pernas amarradas, dentro de um lençol. A motivação, segundo os próprios autores, seria passional.
O filho de Benedito confessou à polícia que o pai o levou ao local e tramou todo o plano. Outro jovem, de 17 anos, também preso, relatou que Benedito foi o mentor do crime. Ele teria instruído os três a entrar na casa com o objetivo de “dar um susto”, mas a violência rapidamente escalou para homicídio.

Diante das novas acusações, a família reafirma confiança na Justiça e diz que continuará lutando para preservar a memória de Heloysa e responsabilizar todos os envolvidos.
“Trata-se de uma tentativa desesperada de criar uma narrativa distorcida para atenuar sua responsabilidade penal, o que não será tolerado”, conclui a nota da advogada da família.