Polícia
Operação Sisamnes: PF apreende carros de luxo e dinheiro vivo em nova fase contra venda de sentenças
A 5ª fase da Operação Sisamnes, deflagrada na terça-feira (13) pela Polícia Federal em Mato Grosso, São Paulo e Distrito Federal, escancarou novamente os bastidores de um escândalo que abala a credibilidade do sistema judicial brasileiro

Com 11 mandados de busca e apreensão expedidos pelo Supremo Tribunal Federal, a nova etapa tem como alvo um complexo esquema de lavagem de dinheiro, corrupção ativa e passiva, evasão de divisas e organização criminosa, com ramificações em Tribunais de Justiça estaduais e no Superior Tribunal de Justiça (STJ).
As investigações apontam que o lobista Andreson de Oliveira Gonçalves seria o articulador de uma estrutura empresarial criada para simular a legalidade de recursos advindos do pagamento de propinas. O objetivo: influenciar decisões judiciais mediante vantagens indevidas, promovendo ruptura entre o agente corruptor e o servidor público corrompido, por meio de interpostas pessoas jurídicas e fluxos financeiros artificiais.

A PF afirma que o grupo atuava nos bastidores da Justiça, garantindo sentenças favoráveis mediante pagamento de valores vultosos. Durante a operação, foram apreendidos maços de notas de R$ 100, acondicionados em sacolas plásticas, e três veículos de luxo: um Porsche Cayenne, um Porsche Macan e um Volkswagen T-Cross — com valores de mercado que variam entre R$ 170 mil e R$ 770 mil. Além disso, os investigados tiveram passaportes retidos e estão proibidos de deixar o país.
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A esposa de Andreson também foi alvo da investigação e passou a ser monitorada eletronicamente. O nome da operação é uma alusão histórica ao juiz persa Sisamnes, que, segundo Heródoto, teria sido executado e esfolado vivo por aceitar suborno para proferir uma decisão injusta. Sua pele foi usada para forrar a cadeira onde seu filho, nomeado sucessor, passou a julgar — uma metáfora simbólica sobre o preço da corrupção no exercício da função jurisdicional.

A Operação Sisamnes levanta debates jurídicos relevantes sobre: A responsabilidade penal de magistrados: os limites do foro por prerrogativa de função e o papel do CNJ; A prova em crimes de colarinho branco: fluxos financeiros simulados, empresas de fachada e colaboração premiada; A integridade do Judiciário: a necessidade de transparência, controle externo e fortalecimento das corregedorias. É mais um caso que põe à prova a confiança do jurisdicionado na imparcialidade do sistema de Justiça.
