Polícia
Almir Monteiro pega 37 anos por feminicídio da advogada Cristiane Tirloni
Ex-policial foi condenado também por estupro de vulnerável e fraude processual; ele não poderá recorrer em liberdade

O ex-policial militar Almir Monteiro dos Reis, de 49 anos, foi condenado a 37 anos de prisão em regime inicial fechado pelos crimes de homicídio qualificado (feminicídio), estupro de vulnerável e fraude processual. A sentença foi proferida pela juíza Mônica Catarina Perri Siqueira, da 1ª Vara Criminal de Cuiabá, na noite desta quinta-feira (25), após mais de 10 horas de julgamento.
A vítima, a advogada Cristiane Castrillon da Fonseca Tirloni, de 48 anos, foi encontrada morta no dia 13 de agosto de 2023, dentro do próprio carro, estacionado no Parque das Águas, em Cuiabá. O corpo apresentava sinais evidentes de espancamento e asfixia. Segundo a investigação, o crime ocorreu no interior da residência do réu, no bairro Santa Amália.

De acordo com a Polícia Civil, Cristiane conheceu o réu na noite anterior, em um bar próximo à Arena Pantanal. Os dois teriam saído juntos do local por volta de 23h30. Imagens de câmeras de segurança e depoimentos confirmaram a sequência dos fatos. Na manhã seguinte, sem notícias da advogada, o irmão utilizou um aplicativo de rastreamento e localizou o carro — com o corpo de Cristiane no interior.
O julgamento ocorreu a portas fechadas, em razão do segredo de justiça. A medida atendeu a um pedido da assistência de acusação, representada pela advogada Gabrielly Meira Coutinho, que atuou ao lado do promotor de justiça Rodrigo Ribeiro Domingues. A defesa foi feita pelos defensores públicos Fábio Barbosa e Marcus Vinicius Esbalqueiro.
Durante o julgamento, foram ouvidas quatro testemunhas, entre elas o delegado do caso, uma perita criminal e outras duas pessoas. O réu também foi interrogado, mas o conteúdo do depoimento não foi divulgado. Ao final dos debates, o Conselho de Sentença, composto por seis homens e uma mulher, considerou Almir culpado por unanimidade nos três crimes.
A juíza determinou que Almir permaneça preso e não poderá recorrer da sentença em liberdade. Dos 37 anos de pena, 36 são de reclusão e 1 ano de detenção, além de 20 dias-multa. Ele foi absolvido apenas da acusação de ocultação de cadáver.
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"Entendemos que este é um passo importante para encerrar um ciclo de dor, preservando a memória de Cristiane como mulher, amiga, mãe, filha, irmã e profissional exemplar. Sua vida será sempre lembrada por todos que tiveram a oportunidade de conhecê-la."
Durante a fase de instrução do processo, a defesa alegou que o réu seria portador de esquizofrenia, e chegou a solicitar absolvição sumária. No entanto, laudos técnicos e manifestação do Ministério Público Estadual afastaram qualquer hipótese de inimputabilidade penal, concluindo que Almir estava plenamente consciente e orientado quando cometeu o crime.
Preso desde agosto de 2023, Almir Monteiro foi escoltado da Cadeia Pública de Chapada dos Guimarães até o Fórum de Cuiabá para o julgamento.