Política

Editorial: O choro da prefeita e a morte de ‘bibi’

10/04/2020
Mato Grosso ficou completamente perplexo – na semana que passou – ao constatar a lamentável morte da jovem Marina Centena de 19, a ‘bibi’, uma apaixonada DJ da cidade de Sinop(220 KM de Cuiabá) que morreu quando o veículo caminhonete S-10 em que estava bater contra um caminhão parado em uma avenida da cidade.   A razão da morte causou uma comoção não só na cidade como em todo o estado, indignação e revolta da população e principalmente dos policiais que prestaram os primeiros atendimentos para ‘Bibi´.   A jovem não estava sozinha.   Com ela também estavam mais quatro outros jovens, entre eles, Osmar Martinelli, 18, filho da prefeita da cidade, Rosana Martinelli(PR), e a verdadeira proprietária do veiculo.   Ora, culpar a fatalidade da vida do acidente só pode ser creditado em duas vertentes: ou foi desleixo ou foi o coisa ruim. Mas, o que deixou a população sinopensse e de todo estado estarrecida é a grande quantidade de garrafas de bebidas alcoólicas(wiski´s, cervejas, etc) e grande porções de maconha no interior do veículo, de propriedade da prefeita.   Claro que qualquer um sabe que o ‘filhinho’ da prefeita só pegou a caminhonete com a anuência da própria mãe. E, ainda, há o conhecimento público, que ao dar uma ‘zuada’ pela cidade de Sinop com o carro abastecido, dinheiro no bolso e com a autorização da mãe, o jovem, de 18, iria ganhar o mundo com seus amigos e ser ‘livre, leve e solto’. Certo? Errado.   Depois dessa página triste na vida do filho da prefeita e de outros jovens, a sociedade pergunta e ‘Bibi’? Como está a família dela agora? Ela se foi e não voltará mais. E agora? A prefeita procurou minimizar a situação em uma rede social e disse lamentar o ocorrido e que iria ajudar a família da DJ. Mas, é preciso lembrar a prefeita que clinicamente “melancolia” é exatamente a incapacidade de se liberar da fixação de objetos e pessoas perdidas, não a decisão de se recusar a carregar o que está morto.   Por mais que ela se compraze com a dor da família de ‘Bibi’, teria que haver mais melancolia do que poderia aparentar no vídeo. E, na verdade, sintoma de melancolia e não encarar o que aconteceu de verdade e ir até o fundo da alma para compreender sua real extensão.   Contra essa leitura, há de se lembrar que, em uma vida, morre-se várias vezes. Um dos piores erros é acreditar que só se morre no fim. Morre-se várias vezes e esta é, muitas vezes, a condição de realmente continuar e se transformar.   E a morte de ‘Bibi’ não foi apenas um acidente externo, ela teve causas de contenda que colapsou toda a sociedade mato-grossense e suas formas de indignação. Por quê?