Política

Depois de anunciar churrasco, Bolsonaro diz que informação é 'fake' e critica jornalistas

09/05/2020
O presidente Jair Bolsonaro afirmou, por meio de uma rede social, que as notícias de que ele faria um churrasco neste sábado (9) no Palácio da Alvorada são "fake" e chamou de "idiotas" jornalistas que o criticaram por organizar a festa em meio ao aumento de mortes pelo coronavírus no Brasil - na sexta, o país ultrapassou a marca de dez mil mortes pela doença.   Na quinta-feira (7), Bolsonaro afirmou a jornalistas, em frente ao Alvorada, que faria um churrasco neste sábado que contaria com "uns 30" convidados, entre eles o ministro da Controladoria-Geral da União, Wagner Rosário. De acordo com o presidente, uma "vaquinha" estava sendo feita para pagar pelos custos da festa.  

Bolsonaro passou a sofrer críticas por anunciar um churrasco, com aglomeração de pessoas, o que contraria a orientação de autoridades da área de saúde, que defendem o isolamento social como medida para conter o avanço da doença no país.

O anúncio de Bolsonaro também ocorre num momento em que aumentam as mortes por covid-19 no Brasil. Na sexta, o país ultrapassou a marca de dez mil mortes pela doença.

Na sexta (8), diante de apoiadores que estavam em frente ao Palácio da Alvorada, o presidente ironizou as notícias de que ele faria o churrasco. Apoiadores perguntaram a Bolsonaro se não seriam convidados para a festa, e o presidente respondeu:

Já no final da manhã deste sábado, por meio de uma rede social, o presidente afirmou que jornalistas "idiotas" estavam criticando "churrasco fake", ou seja, falso. Ele também criticou o Movimento Brasil Livre (MBL), que entrou na Justiça para impedir que Bolsonaro fizesse o churrasco.

Na ação em que questiona o churrasco de Bolsonaro, o advogado do MBL, Tiago Pavinatto, afirma que, "mesmo sem afrontar a lei", o presidente "excede manifestamente os limites impostos pela boa fé, pelos bons costumes e as finalidades sociais e econômicas que podem existir neste ato".

Bolsonaro vem recebendo críticas por desrespeitar as orientações de isolamento social, defendidas por órgãos como a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o próprio Ministério da Saúde como medida para evitar a disseminação do coronavírus.

Durante a pandemia, ele já fez passeios por cidades satélites de Brasília e também participou de atos em defesa do governo e de medidas antidemocráticas. Nessas oportunidades, causou aglomeração de pessoas e também cumprimentou apoiadores.

Depois que membros de sua equipe, entre eles ministros, testaram positivo para o coronavírus, Bolsonaro realizou ao menos dois exames para verificar se também havia contraído a covid-19. O presidente diz que os dois deram resultado negativo, mas se nega a mostrar os laudos dos exames.

Atendendo a pedido do jornal "O Estado de S. Paulo", a Justiça chegou a determinar que o presidente mostrasse os exames, mas o Superior Tribunal de Justiça (STJ) derrubou a decisão.

O presidente também fez diversas declarações em que minimiza a gravidade da pandemia. Bolsonaro já disse que a covid-19 é "uma gripezinha" e, mais recentemente, ao ser questionado sobre o aumento das mortes pela doença no Brasil, o presidente respondeu: "E daí? Lamento. Quer que eu faça o quê?"