Política

Bolsonaro sinaliza veto a reajuste de servidores e diz que deixa cargo 'em 2027'

10/05/2020
O presidente Jair Bolsonaro disse neste domingo (10) a apoiadores em Brasília que vai vetar os reajustes no serviço público incluídos no projeto de socorro a estados e municípios, mas não detalhou a medida.   O texto aprovado pelo Congresso exclui do congelamento de salários algumas categorias de servidores, e Bolsonaro já havia sinalizado que iria vetar as partes que permitem o aumento.   "Como o Paulo Guedes me disse a questão dos ajustes da economia... Amanhã a gente sanciona o projeto com veto e está resolvido a parte... Tá resolvido, não; tem tudo pra dar certo, apesar dos fechamentos por aí", disse o presidente ao chegar ao Palácio da Alvorada, em Brasília.   Ainda na porta do palácio, Bolsonaro disse que sai da presidência em janeiro de 2027 -- ou seja, que só deixaria o cargo depois de eventualmente reeleito em 2022 -- a um homem que afirmou que "a democracia pede" a renúncia ou impeachment do presidente.   "Eu vou sair em 1º de janeiro de 27, falou? Primeiro de janeiro de 27", disse Bolsonaro.   O presidente é alvo de dezenas de pedidos de impeachment levados à Câmara. Até o momento, o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), não deu prosseguimento a nenhum deles.   Vetos   Apesar de confirmar o veto na conversa com apoiadores, Bolsonaro não respondeu a imprensa que também estava na porta do Alvorada quando questionado sobre o tema.   "Sansão é o marido da Dalila", disse o presidente, brincando com a semelhança da pronúncia entre "sanção" e "Sansão".   Na quinta, Bolsonaro disse que segue "a cartilha" do ministro da Economia, Paulo Guedes, e que por isso, "se ele acha que deve ser vetado esse dispositivo, assim será feito".   Ontem (9), Guedes afirmou que, se Bolsonaro vetar o reajuste, "o déficit fiscal extraordinário por conta das medidas para combate à pandemia fica restrito a este ano".   Atividades essenciais   Bolsonaro também declarou a apoiadores que "amanhã devo botar mais algumas profissões como essenciais aí", sem dizer quais. O presidente aproveitou o anúncio para criticar os governadores, que em geral têm adotado medidas mais duras sobre circulação de pessoas e restringido o número de atividades econômicas autorizadas a funcionar.   "Eu abri. Já que eles [governadores] não querem abrir, a gente vai abrindo aí", disse.   Na quinta (7), Bolsonaro incluiu, por decreto, a construção civil e setores da indústria na lista de serviços essenciais. Embora o governo federal tenha a prerrogativa de estabelecer essa lista, os estados e municípios têm autonomia para decidir quais serviços podem funcionar em suas localidades durante o cumprimento da quarentena.   Na tarde deste domingo, Bolsonaro foi a um condomínio residencial em Brasília, onde participou de chá de bebê promovido por seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP). Eduardo e sua mulher, Heloísa, esperam uma menina.