Política
Grasi Paes deixa Setasc após bancar pré-candidatura à Câmara e entra em rota de colisão com núcleo político do governo
Embora o governo tenha divulgado que a saída foi “a pedido", a verdade é que Grasi entrou numa rota delicada dentro do núcleo político palaciano

A exoneração da coronel PM Grasielle Paes do comando da Secretaria de Assistência Social e Cidadania (Setasc), publicada na quinta-feira,12, escancara o que muitos já vinham percebendo nos bastidores: sua ousadia em articular uma pré-candidatura à deputada federal acabou custando o cargo.
Embora o governo tenha divulgado que a saída foi “a pedido", a verdade é que Grasi entrou numa rota delicada dentro do núcleo político palaciano, ao começar a se movimentar eleitoralmente em uma faixa que já tem uma pré-candidata com forte influência: a primeira-dama Virginia Mendes.
Grasi Paes, militar de carreira e até então tida como fiel executora dos programas sociais do governo — inclusive os idealizados por Virginia, como o SER Família — começou a ganhar protagonismo político próprio. Aumentou sua presença em agendas públicas, reforçou vínculos com prefeitos e vereadores do interior, e passou a costurar apoios discretos para disputar uma vaga na Câmara Federal.
A movimentação foi vista com cautela por setores do governo, principalmente porque seu projeto político não era articulado com o grupo de Virginia, que também é apontada como provável candidata a deputada federal em 2026.
A pré-candidatura de Grasi foi considerada arriscada, ousada e, para alguns, precipitada. Em pouco tempo, a então secretária se viu isolada — sem apoio explícito da base e com pressões crescentes para recuar. A exoneração foi, nesse cenário, uma saída estratégica para evitar maiores desgastes públicos.
Grasi preferiu preservar seu capital político e sair antes de ser “emparedada” oficialmente. Com isso, tenta manter a viabilidade de sua pré-candidatura fora do governo, longe dos holofotes da Setasc, mas com o discurso de que sai pela porta da frente.
No seu lugar, assume interinamente o sargento PM Klebson Gomes Haagsma, nome técnico, discreto e de confiança do governo. A troca sinaliza um reposicionamento da Setasc para manter a estabilidade institucional — e sem espaço para disputas políticas internas.
A exoneração de Grasi Paes é mais um sinal claro de que a corrida por uma vaga em Brasília já começou nos bastidores de Mato Grosso. E, neste tabuleiro, ousadia política tem preço.