Polícia
Família vai denunciar ex-subcomandante da Guarda Municipal ao Ministério Público por abuso de autoridade e tráfico de influência
Caso ocorreu durante velório de idosa em Várzea Grande; filhos acusam Alexander Gouveia de transformar momento de dor em espetáculo de intimidação institucional

A família da senhora L.A.R, de 85 anos, falecida no último domingo (1º), em Várzea Grande, decidiu levar ao Ministério Público de Mato Grosso (MPMT) uma denúncia formal contra o ex-subcomandante da Guarda Municipal, Alexander Gouveia Ortiz, por tráfico de influência, abuso de autoridade, comunicação falsa de crime, uso indevido de bens públicos e profundo desrespeito à dignidade humana e à memória da falecida.
O episódio que motivou a denúncia ocorreu durante o velório da idosa, realizado no Cemitério Recanto da Paz. De maneira completamente arbitrária e sem qualquer justificativa institucional, Alexander Gouveia enviou uma viatura oficial da Guarda com três agentes fortemente armados para o local, o que gerou grande comoção e revolta entre os presentes.
“Minha mãe acabou de morrer. Estávamos em um momento de oração e despedida. Ver aquela cena de força armada, em pleno cemitério, sem nenhuma explicação plausível, foi um abuso covarde, um ataque à nossa dor”, declarou o filho da idosa, Ivan Ribeiro, servidor público federal lotado em Brasília. Ele confirma que o documento será protocolado no MPMT até terça-feira da semana que vem, 10, e reforça que a atitude de Alexander precisa ser exemplarmente punida.
A explicação dada pelo ex-subcomandante, de que os agentes estavam ali apenas para “cumprimentá-lo”, foi recebida com perplexidade pelos familiares, que enxergaram na ação um claro uso da estrutura da Guarda Municipal para fins pessoais e autopromoção em cima do luto alheio.
Outro filho da falecida, o jornalista e escritor Edson Ribeiro, também se manifestou indignado com a cena que presenciou no cemitério.
“Foi um descalabro. Um ato de autoritarismo sem precedentes. É assustador pensar que alguém que já não ocupa nenhum cargo de chefia ainda se sinta no direito de usar a Guarda como se fosse sua guarda pessoal. Minha mãe merecia respeito. E nós também”, afirmou Edson.
A conduta de Alexander Gouveia já é alvo de um Processo Administrativo Disciplinar (PAD), aberto pela Corregedoria da Guarda Municipal de Várzea Grande após a Representação Disciplinar nº 0176/2025, protocolada pela própria família da idosa. Agora, o caso ganha novo desdobramento com a iminente atuação do Ministério Público, que poderá apurar as eventuais práticas criminosas à luz da Lei de Abuso de Autoridade (Lei nº 13.869/2019).
Para a família, o episódio não é apenas um excesso administrativo. Trata-se de um atentado à memória da falecida, à moralidade pública e à dignidade dos cidadãos que vivem sob risco de terem seus momentos mais íntimos e dolorosos usurpados por atos arbitrários de agentes públicos.
“Não vamos nos calar. Essa denúncia é também um clamor por justiça e por limites. O luto de uma mãe não pode ser vilipendiado por um servidor público que se julga acima da lei”, concluiu Ivan Ribeiro.
O caso segue gerando forte repercussão entre servidores da própria Guarda Municipal e na sociedade civil, que cobra apuração rigorosa e responsabilização exemplar.