Política
Vereadora e médica de MT é cassada e fica 8 anos inelegível por compra de votos e caixa 2 milionário
Monnize Costa, filha do ex-secretário condenado Eder de Moraes, teve o mandato derrubado pela Justiça Eleitoral e pode responder criminalmente

A Justiça Eleitoral de Mato Grosso cassou o mandato da vereadora e médica Monnize Costa (União Brasil), acusada de liderar um esquema de compra de votos, abuso de poder econômico e caixa 2 milionário durante a eleição de 2024 em Diamantino, a 209 km de Cuiabá.
A parlamentar é filha de Eder de Moraes Dias, ex-secretário da Fazenda de Mato Grosso, conhecido por ter sido condenado em vários processos de corrupção, lavagem de dinheiro e crimes contra a administração pública. Ele também foi considerado o principal operador financeiro da campanha da filha.
A decisão, assinada pelo juiz Raul Lara Leite, da 7ª Zona Eleitoral, além de cassar o diploma e anular todos os votos recebidos por Monnize, decretou a inelegibilidade dos dois por oito anos. Ambos ainda foram condenados ao pagamento de multa no valor de R$ 53.205,00.
O processo foi remetido ao Ministério Público Eleitoral, que vai analisar se apresenta denúncia criminal contra Monnize e o pai.
Durante a investigação, a Justiça apreendeu provas que escancararam o esquema. Um dos principais indícios foi um caderno de anotações contendo registros detalhados de pagamentos clandestinos, negociações com eleitores e despesas não declaradas.
Em uma das páginas, havia a anotação direta:
“20 votos = R$ 5.000”, com assinatura de um eleitor ao lado.
No depoimento, o eleitor tentou se justificar dizendo que assinou o caderno antes da frase ser escrita. A versão foi considerada inverossímil e rejeitada pelo juiz.
Outro elemento que reforçou as suspeitas foi a apreensão de R$ 6 mil em dinheiro vivo, encontrados no quarto de hotel onde Eder de Moraes se hospedava na véspera da votação. O magistrado destacou que havia um verdadeiro esquema de distribuição de recursos para cooptar votos e garantir o mandato.
Os autos mostram que o valor total de campanha anotado no caderno chegava a R$ 300 mil, quase oito vezes o teto legal de gastos, que era de R$ 39.426,22.
A cassação foi resultado de uma Ação de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE) movida pelo candidato derrotado Edimilson Freitas (PL).
Ele disputou a vaga e acabou ficando atrás de Monnize na contagem final.Monnize Costa é médica, pós-graduada em pediatria, e declarou ao Tribunal Superior Eleitoral um patrimônio de R$ 1.024.617,85. Ela foi eleita com 377 votos, correspondendo a 2,94% dos votos válidos em Diamantino.
O pai da parlamentar, Eder de Moraes Dias, ocupou cargos de destaque na política de Mato Grosso e acumula condenações por corrupção, lavagem de dinheiro e outros crimes financeiros. Na decisão, o juiz frisou que o histórico do ex-secretário revela um “modus operandi de violação sistemática da legislação eleitoral e uso abusivo de recursos”.
Com a decisão, a Câmara Municipal foi comunicada oficialmente para que o mandato seja declarado vago. O processo seguirá para o Ministério Público Eleitoral, que avaliará a abertura de denúncia criminal. Se condenados, Monnize e Eder podem sofrer novas sanções e restrições políticasA reportagem tentou contato com Monnize Costa, mas não obteve resposta até a publicação.