Brasil
'É tortura, não é abordagem policial', diz ouvidor sobre PMs que amarraram mãos e pés de suspeito e o arrastaram
Cláudio Aparecido da Silva solicitou registros das câmeras corporais usadas pelos policiais e imagens de segurança da unidade de saúde para onde o homem foi levado. Dupla de PMs foi afastada

Ouvidor das polícias de São Paulo, Claudio Aparecido da Silva, o Claudinho, definiu como tortura, nesta quarta-feira (7), o caso em que dois policiais militares amarraram um suspeito pelas mãos e pelos pés e o arrastaram. O caso aconteceu no domingo (4), na Vila Mariana, Zona Sul da capital paulista.
Os PMs usaram uma corda para prender um homem de 32 anos. Ele era suspeito de ter participado com outras duas pessoas de um "arrastão" para furtar alimentos de um mercado.
Vídeos mostraram o momento em que os dois policiais arrastam e jogam o homem, primeiro em uma maca e, depois, no camburão da viatura. A PM afastou os dois homens.
As imagens são fortes e podem ser vistas no vídeo acima. Um inquérito foi aberto para apurar a conduta dos agentes de segurança.
Ao g1, Claudinho disse que pedirá providências tanto para a Corregedoria Polícia Militar, pela ação dos dois homens, quanto à da Polícia Civil, por não impedir que o homem permanecesse duas horas preso dentro da viatura - que estava parada na delegacia.
De acordo com o boletim de ocorrência, o funcionário do mercado contou que três pessoas entraram no comércio na Zona Sul por volta das 23h30 e levaram produtos. O rapaz indicou as roupas dos suspeitos e para onde eles teriam corrido.
"Os policiais estavam numerosamente superiores ao autor do delito. Os policiais tinham outras condições para poder render a pessoa que estava sendo rendida e encaminhá-la à unidade de saúde. Não precisaria ser daquela forma", disse o ouvidor.
Uma das medidas a serem tomadas por Cláudio Aparecido da Silva será solicitar as imagens das câmeras nos uniformes dos PMs à Secretaria da Segurança Pública de São Paulo, administrada por Guilherme Derrite no governo Tarcísio de Freitas (Republicanos).
"Vamos pedir câmeras da abordagem inicial e as câmeras da unidade de saúde para que isso possa ensejar uma apuração mais qualificada e uma postura exemplar da Corregedoria em relação a esse caso, que é um caso bastante estarrecedor", disse.
A Defensoria Pública de São Paulo informou que "vem atuando em favor do apreendido no referido caso, já tendo feito pedido à Justiça para adoção das medidas cabíveis em relação à situação apontada."
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Claudio Aparecido da Silva, o Claudinho, ouvidor da Polícia de São Paulo — Foto: Divulgação/Arquivo pessoal
Conduta não é compatível com o treinamento, diz PM
Por meio de nota, a Polícia Militar disse que a conduta dos agentes não é compatível com o treinamento e com os valores da instituição. Por este motivo, um inquérito para apurar a conduta dos policiais envolvidos no caso foi aberto.
A PM também afirmou que os policiais foram afastados das atividades operacionais, uma vez que as ações gravadas "estão em desacordo com os procedimentos operacionais padrão da instituição".
Em relação ao homem que aparece no vídeo, a polícia disse que ele foi preso em flagrante por furto. Além dele, um adolescente foi apreendido e um outro homem foi preso.
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Policiais amarram homem durante abordagem em São Paulo — Foto: Reprodução