Política
Operação Fraude: Justiça derruba prefeito de Brasnorte por esquema criminoso de compra de votos com frangos e dinheiro
Eles foram apontados como beneficiários diretos de um esquema articulado para comprar votos de indígenas da etnia Enawenê-Nawê

Uma investigação digna de operação policial desmantelou o que a Justiça Eleitoral classificou como “organização criminosa voltada à corrupção eleitoral em larga escala”, que contaminou o resultado das eleições de 2024 em Brasnorte(587,7 KM de Cuiabá).
O juiz Romeu da Cunha Gomes determinou, na terça-feira,02, a cassação imediata dos mandatos do prefeito Edelo Marcelo Ferrari (União Brasil), da vice-prefeita Roseli Borges de Araújo Gonçalves e do vereador Gilmar Celso Gonçalves.

Eles foram apontados como beneficiários diretos de um esquema articulado para comprar votos de indígenas da etnia Enawenê-Nawê com dinheiro vivo, promessas de favores, transporte ilegal e até distribuição de carne congelada.
As provas reunidas na ação judicial revelam práticas típicas de quadrilha organizada, incluindo:
Transferências bancárias suspeitas superiores a R$ 200 mil feitas por Rogério Gonçalves, servidor municipal ligado ao grupo político.
Financiamento clandestino de ônibus e carros para transportar cerca de 100 eleitores indígenas, apesar de expressa proibição da Justiça.
Entrega de frangos congelados e abastecimento de combustível como moeda de troca pelo voto.
Pressão psicológica e coação sobre comunidades indígenas vulneráveis.
Segundo o processo, parte do transporte foi interceptada pelo Exército Brasileiro na véspera da votação. Ainda assim, veículos particulares foram usados clandestinamente para garantir que os indígenas comparecessem às urnas.
A chapa venceu com uma margem apertada de 155 votos, enquanto a abstenção nas seções indígenas foi menos da metade da média geral. “Não há dúvida de que o abuso de poder econômico foi decisivo para corromper a normalidade democrática”, afirmou o magistrado.
Apesar de não terem sido flagrados pessoalmente distribuindo dinheiro ou frangos, Edelo e Roseli foram considerados beneficiários do crime eleitoral, o que levou à cassação dos diplomas. No entanto, eles não foram declarados inelegíveis por ausência de provas de participação dolosa direta.
Por outro lado, Gilmar Gonçalves, Rogério Gonçalves, Alexandre Augusto Gonçalves, Junior Gonçalves e João Gomes da Silva Júnior foram declarados inelegíveis por oito anos e receberam a multa máxima de R$ 53.205 cada por captação ilícita de sufrágio.
O juiz classificou as ações como “violação grave ao regime democrático e atentado à legitimidade do voto popular”.
Em nota nas redes sociais, o prefeito cassado afirmou que vai recorrer ao Tribunal Regional Eleitoral e negou participação no esquema, apesar das evidências bancárias e testemunhais.
O TRE-MT deverá convocar novas eleições para prefeito e vice-prefeito de Brasnorte e recontar os votos para vereador, já que os sufrágios recebidos por Gilmar foram anulados.