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Júri inocenta Diddy por tráfico sexual e formação de quadrilha: entenda veredito
No entanto, o rapper foi absolvido das acusações mais graves, incluindo tráfico sexual e conspiração para formação de quadrilha (racketeering), esta última frequentemente associada a organizações criminosas como máfias

O júri responsável pelo caso de Sean "Diddy" Combs, que vem sendo acompanhado com grande atenção nos Estados Unidos, concluiu nesta terça-feira (2/7) parte do veredito: o rapper foi considerado culpado por duas acusações relacionadas ao transporte de mulheres para fins de prostituição – uma delas envolvendo sua ex-parceira, Cassie Ventura, e outra referente a uma mulher identificada apenas como "Jane".
No entanto, o rapper foi absolvido das acusações mais graves, incluindo tráfico sexual e conspiração para formação de quadrilha (racketeering), esta última frequentemente associada a organizações criminosas como máfias.
Segundo a promotoria, o artista teria coordenado uma rede de abusos com a ajuda de seus funcionários, criando um verdadeiro esquema de exploração sexual.
O júri, no entanto, não viu provas suficientes para sustentar essa versão.
A decisão, que levou cerca de 13 horas de deliberação ao longo de três dias, causou reações intensas. Enquanto Diddy permaneceu sério ao ouvir o resultado, apoiadores celebraram do lado de fora do tribunal.
A defesa agora pede a liberdade provisória do rapper, que está detido desde setembro do ano passado. Seus advogados propuseram o pagamento de uma fiança no valor de US$ 1 milhão.
A pena máxima que Combs pode enfrentar agora é de 10 anos de prisão, bem menos do que a prisão perpétua que poderia ser imposta caso fosse condenado por conspiração criminosa.
Apesar das condenações, a leitura do veredito é vista por analistas como uma vitória parcial para Diddy.
Os depoimentos mais fortes do caso vieram de Cassie Ventura, que relatou ter sido forçada a participar de orgias envolvendo drogas e garotos de programa. Mesmo assim, o júri considerou que as acusações de tráfico sexual não se sustentavam juridicamente.
O julgamento, que corre em Nova York desde maio, continua sendo acompanhado de perto, tanto por veículos de imprensa quanto por fãs e críticos do artista.
Os depoimentos de Cassie e 'Jane'
Uma testemunha-chave para a promotoria foi Cassandra Ventura, cantora e modelo conhecida como Cassie. Ela testemunhou por dias sobre seus 11 anos de relacionamento abusivo com Diddy.
Grávida de oito meses e muitas vezes falando em meio a lágrimas, Cassie relatou que Diddy a espancava e a coagia a participar de encontros sexuais em que ela era obrigada a fazer sexo com garotos de programa enquanto ele a filmava.
Diddy já havia admitido ter cometido violência doméstica. Uma das evidências mais fortes exibidas durante o julgamento inclui uma gravação de vídeo de Diddy batendo em Cassie no corredor de um hotel durante um desses encontros sexuais, e o depoimento do segurança do hotel, que disse que o rapper ofereceu a ele dinheiro para se livrar das fitas de gravação.
Os promotores também exibiram fotos de vários machucados da cantora, supostamente causados pelos abusos.
Cassie não foi a única ex-namorada de Diddy a depor. Os advogados também convocaram "Jane", que falou sob pseudônimo, e compartilhou histórias semelhantes sobre como ela também foi pressionada a participar desses encontros sexuais, que ela chamava de "noites de hotel".
Mensagens carinhosas que Cassie e "Jane" enviaram para Diddy, incluindo algumas em que elas demonstravam interesse em participar de atos sexuais, também foram exibidas para os jurados.
"O público está ficando cada vez mais consciente sobre a violência doméstica e sobre o fato de que mulheres podem se sentir obrigadas a permanecer em relacionamentos abusivos", disse Jennifer Biedel, ex-procuradora do Distrito Sul de Nova York, antes do julgamento desta terça.
Mas, segundo Biedel, a mistura de mensagens de amor e alegações de coerção poderia, em alguns casos, ser difícil para o júri compreender.
O caso de Diddy "pode não ser tão claro quanto o júri gostaria que fosse", afirmou.
Para complicar ainda mais, os promotores perderam uma suposta terceira vítima, que eles esperavam que testemunhasse.
Neama Rahmani, ex-procurador federal, afirmou que perder uma suposta vítima poderia prejudicar o caso, pois a acusação tradicionalmente se beneficia de múltiplos depoimentos.
"Os jurados podem não acreditar em uma vítima, mas é muito difícil não acreditar em várias", ele explicou.