A Faculdade Fasipe, de Cuiabá, está sendo investigada pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) após denúncias de que professores do curso de Odontologia teriam sido obrigados a fazerem suas funções acadêmicas para atuar como captadores de alunos, realizando panfletagem nas ruas e fazendo ligações para convencer interessados a se matricular.

A denúncia foi feita pela professora, M.R.N, que alega ter sido vítima de assédio moral organizacional e desvio de função. Segundo ela, a exigência de participação nessas ações promocionais era utilizada como critério para definir quais professores receberiam disciplinas mais valorizadas.

Em representações encaminhadas ao MPT e em recurso administrativo, M.R.N afirma que se recusou a panfletar por motivos pessoais, incluindo luto familar, e recebeu uma lista de contatos para tentar convencer potenciais alunos a se inscrever no curso. No semestre seguinte, ao solicitar disciplinas compatíveis com sua titulação, teria sido informada que a prioridade era para docentes que “tinham mais tempo de casa e participaram da panfletagem”. Poucos dias depois, foi demitida.

O MPT instaurou o procedimento nº 001034.2025.23.000/0 para apurar as condutas de possível assédio moral e violação à legislação trabalhista. A ex-docente sustenta que outros professores também foram submetidos à mesma prática e que há provas documentais, como mensagens de WhatsApp enviadas pela coordenação.

Nota oficial da Fasipe

Em resposta ao Página 12, a Faculdade Fasipe negou qualquer prática de assédio ou exigência irregular. A instituição declarou que “preza pelo cumprimento da legislação trabalhista e pelo respeito à dignidade dos professores” e que ações externas de divulgação “são voluntárias e não condicionam a distribuição de disciplinas ou a permanência no quadro docente”. Ainda na nota assinada pelo diretor da instituição, Olmir Bambi Júnior – ele afirma –que os professores são convidados para as ações, pois a abertura de novas turmas, diz, aumenta a necessidade de aulas a serem ofertadas aos professores e -a remuneração dos docentes. A Fasipe disse ainda que prestará todos os esclarecimentos necessários ao MPT e que confia no arquivamento do caso após análise dos fatos.