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Ana Marcela ganha ouro na maratona aquática na Olimpíada de Tóquio 2021 após decepções: 'Aprendi a ser feliz'
Dos troféus mais importantes que existem no seu esporte, a nadadora baiana Ana Marcela Cunha conquistou na terça-feira (3) o único que faltava
Dos troféus mais importantes que existem no seu esporte, a nadadora baiana Ana Marcela Cunha conquistou na terça-feira (3) o único que faltava: uma medalha olímpica, e nada menos que um ouro, na maratona aquática.
Agora, a conquista inédita para o Brasil se junta, na carreira da atleta de 29 anos, a um ouro no Pan-Americano de 2019; a cinco medalhas de ouro em campeonatos mundiais (de um total de 11, incluindo também prata e bronze); e a 25 medalhas de ouro no campeonato da Federação Internacional de Natação (Fina) Marathon Swim World Series (no qual ela já acumulou um total de 51 medalhas).
Nascida em Salvador, Ana Marcela começou a nadar aos 2 anos de idade e tinha 16 quando participou da Olimpíada de Pequim, em 2008, a primeira edição da competição em que houve uma prova de maratona aquática. Ela ficou em quinto lugar.
Mas, depois, ela teve uma série de decepções nos Jogos. Não se classificou para Londres 2012, e, na Rio 2016, ficou em 10º lugar — e Ana Marcela nunca escondeu que estes dois resultados foram grandes frustrações.
Agora, tudo isso ficou no passado. Ela terminou a prova de 10km em primeiro lugar, com o tempo de 1h59min30s8. O que mudou das duas últimas Olimpíadas para esta?
"Aprendi a ser feliz. Fui feliz fazendo o que eu amo e foi tudo bem", disse a baiana após a vitória em Tóquio, agradecendo ao seu clube, o Unisanta, aos pais e à namorada, em entrevista veiculada pelo canal SporTV.
Perfeccionismo
Seu técnico, Fernando Possenti — a quem Ana Marcela também agradeceu após a vitória — contou ao jornal Folha de S. Paulo sobre o perfeccionismo de ambos na preparação para a Olimpíada de Tóquio.
Um perfeccionismo que se mostrou, por exemplo, na busca pela frequência ideal de braçadas, medida meticulosamente no cronômetro durante os treinos na Espanha.
Na trajetória rumo a Tóquio, Ana Marcela contou com acompanhamento psicológico e, a cada semana, dez sessões de treino, quatro sessões de preparação física e duas de fisioterapia.
"Não aceitamos ser bom, tem que estar perfeito", disse Possenti à Folha, acrescentando que a competição no Japão teria como desafios a temperatura quente da água e a pouca profundidade.
Volta por cima
Na Rio 2016, a atleta deu uma entrevista ainda bastante chateada após ficar em décimo lugar. "Eu me preparei, e não foram quatro anos, foram oito anos lutando para voltar para uma Olimpíada. Em casa, cogitada como uma das favoritas, tenho certeza de que o que eu fiz aqui foi meu máximo", disse.
"Mas não é digno de uma atleta três vezes campeã de Copa do Mundo, não sei quantas vezes no pódio de Copa do Mundo, de Campeonato Mundial. Estou triste, é lógico."
Ela atribuiu seu desempenho ruim na época à pouca alimentação na prova, dizendo que deveria ter feito isso em três momentos, mas acabou comendo apenas a primeira ocasião. "Foi isso que fez a diferença para mim. Eu tentei, estava pronta, mas não deu."
Naquela edição da Olimpíada, outra brasileira levou medalha — de bronze — na maratona aquática, Poliana Okimoto. Ana Marcela comemorou o resultado: "A gente fez história, a Poliana foi pódio. A maratona entrou para a história com uma medalha em Jogos Olímpicos."
Agora, finalmente, foi a vez de Ana Marcela escrever seu capítulo na história do esporte nas Olimpíadas e da natação brasileira conquistando o tão sonhado ouro nos Jogos.
"Acreditar no sonho… Eu acredito e acreditei nisso. Eu sonhava muito com uma medalha olímpica, mas ia ter um gostinho especial ser campeã olímpica e eu estou muito, muito feliz."