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Funeral de George Floyd e marchas pacíficas marcam 10º dia de protestos contra racismo nos EUA
Os Estados Unidos entraram nesta quinta-feira (4) na 10ª jornada de manifestações contra o racismo, em dia marcado pelo primeiro funeral do ex-segurança George Floyd, morto durante ação policial em Minneapolis.
Na cerimônia, o reverendo Al Sharpton pediu fim da violência policial contra a população negra, mencionando o policial flagrado ajoelhado sobre o pescoço de George Floyd — o que, indicam perícias, causou a morte do ex-segurança. O gesto se tornou um símbolo dos protestos.
Após uma noite mais pacífica do que as anteriores, autoridades de diversas cidades norte-americanas começaram a retirar os toques de recolher impostos para conter os tumultos.
Veja abaixo resumo do 10º dia de protestos nos EUA
- Parentes, amigos, celebridades e políticos homenagearam George Floyd no primeiro dos funerais do ex-segurança. O prefeito de Minneapolis, Jacob Frey, se ajoelhou diante do caixão.
- Após noite sem prisões e com protestos pacíficos, a capital Washington não terá toque de recolher nesta quinta. Entretanto, militares da Guarda Nacional continuam na cidade — o que gerou protestos da prefeita Muriel Bowser.
- Da mesma forma, o xerife de Los Angeles, Alex Villanueva, determinou o fim do cumprimento do toque de recolher na cidade. Segundo o jornal "Los Angeles Times", ele justificou a decisão "com base nos padrões pacíficos dos protestos mais recentes".
- Três dos ex-policiais acusados de participação na morte de Floyd compareceram a um tribunal pela primeira vez desde o início do caso. O juiz arbitrou fiança de US$ 1 milhão a eles.
- Os protestos continuaram pelo mundo: houve registro de atos na França, no Reino Unido e na Áustria.
- Pelas redes sociais, o vice-presidente dos EUA, Mike Pence, ofereceu condolências à família e aos amigos de Floyd. "Sua morte foi uma tragédia e, como o presidente Donald Trump disse à nação, justiça será feita", escreveu.
- O artista Kanye West anunciou que vai arcar com os estudos da filha de Floyd e que vai doar US$ 2 milhões a famílias de vítimas de violência policial nos EUA.
- Grupos de direitos civis processaram Trump pela repressão a manifestantes perto da Casa Branca momentos antes de o presidente se deslocar a uma igreja, o que gerou críticas de religiosos.

Funeral em Minneapolis
Familiares e amigos de George Floyd organizam nesta quinta-feira (4), em Minneapolis, o primeiro funeral do ex-segurança, morto em maio durante uma ação policial — caso que gerou onda de protestos contra o racismo nos Estados Unidos e no mundo.
De acordo com a emissora norte-americana CBS, o corpo de Floyd será levado ainda a outras duas cidades para outras cerimônias: Raeford, na Carolina do Norte, cidade natal do ex-segurança; e Houston, onde ele foi criado. A última homenagem está marcada para terça-feira.
A cerimônia em Minneapolis tem a presença do ativista Martin Luther King III, último filho vivo de Martin Luther King Jr., que lutou pelos direitos civis da população negra dos EUA em meados do século XX. Políticos como a senadora Amy Klobuchar, ex-pré-candidata à presidência dos EUA, também participaram do ato.
O prefeito de Minneapolis, Jacob Frey, também esteve no funeral e se ajoelhou diante do caixão de George Floyd. Os rappers T.I. e Tyrese Gibson participaram da cerimônia.
Philonise Floyd, um dos irmãos do ex-segurança, afirmou na cerimônia que George era muito querido e "um homem poderoso".
O reverendo Al Sharpton, religioso que conduziu a cerimônia, disse que os Estados Unidos nunca foram grande para os negros — parafraseando o slogan "Make America Great Again", do presidente Donald Trump.
Fiança de US$ 1 milhão
Um juiz estabeleceu a fiança de US$ 1 milhão nesta quinta-feira (4) para três dos policiais de Minneapolis acusados de cumplicidade na morte de George Floyd. O outro ex-policial, Derek Chauvin — flagrado com o joelho sobre o pescoço do ex-segurança, deverá comparecer ao tribunal na segunda-feira.
A fiança para os três acusados, que fizeram sua primeira aparição no tribunal nesta quinta-feira, seria baixada para US$ 750 mil se eles concordassem com certas condições, inclusive abrir mão de quaisquer armas de fogo pessoais. O juiz Paul Scoggin estabeleceu que os homens devem aparecer no tribunal novamente em 29 de junho.
Thomas Lane, J. Alexander Kueng e Tou Thao foram acusados na quarta-feira de ajuda e cumplicidade em assassinato de segundo grau e de ajuda e cumplicidade em homicídio culposo. Eles poderão enfrentar até 40 anos de prisão se condenados.
Caso George Floyd
Uma primeira perícia, oficial, não indicou evidências de que Floyd morreu por asfixia. Entretanto, outras duas autópsias indicaram que, sim, o ex-segurança foi morto por sufocamento.
O laudo da autópsia realizada pelo condado de Hennepin, divulgado à imprensa nesta quarta-feira, informa ainda que Floyd tinha presença de coronavírus no organismo quando morreu. O ex-segurança havia sido diagnosticado com Covid-19 no início de abril.
